22 abril, 2006

O Juiz da Cruz...

Cumpre esclarecer, antes de mais, que não vos quero falar do sistema judicial, nem do tribunal da Cruz, da Remolha ou do Rossio (até porque nenhum desses sítios tem tribunal…). A Cruz a que me refiro, transportada por inúmeros Juízes por este país fora, é a Cruz Pascal.
Não sendo um católico afoito, todos os Domingos de Páscoa dou o beijo da “praxis” na dita Cruz. Faço-o pelo que acredito, pela Fé, mas ainda que assim não fosse, creio que o faria só pelo respeito que a tradição me merece. Como não sou tão velho quanto isso, tenho pouco mais que duas dezenas de anos. Já dei uns quantos beijos naquela Cruz. Lembro-me perfeitamente de quando era mais novo, em que acordava muito cedo sempre na expectativa que chegasse o Compasso. Não perderia aquilo por nada. Era uma espécie de Natal fora de tempo, em que o Pai Natal eram os padrinhos e os presentes o folar. Confesso que agora (este ano por exemplo) sou acordado em cima da hora, de modo que se beijasse o menino Jesus naquela hora, certamente o colocaria em maus lençóis perante a GNR… Tudo culpa da Super Bock, que teima em fazer cervejas de qualidade…
Mas, não obstante o sono que me atormentou durante a visita do Compasso, este ano tornei a confirmar uma tese que “engenhei” em anos transactos. Volvidos mais de 20 beijos na Cruz, separados, cada um e entre si, por um ano, creio estar em condições de afirmar que a malta do Compasso é sempre a mesma. Se não são os mesmos, são filhos deles… e netos, agora trazem netos!!!
É uma conclusão algo estranha. Dado que o “evento” é religioso, que os católicos são todos iguais perante Deus, porque é que são sempre os mesmos os escolhidos para nos visitar na Páscoa? E, já que estou numa de indagar a lógica das coisas, porque é são todos das mesmas famílias? Isto para não perguntar… porque é que são (quase) todos do PSD? Juro-vos que antes de o escrever já o perguntei a algumas pessoas. As respostas foram várias: “porque são pessoas de respeito!”, “porque vão à missa!”, “porque são as únicas que se oferecem” ou “porque são pessoas que já sabem o que hão-de fazer”!!! Eu percebi, discordei… mas percebi!
Mas será que não há mais ninguém de respeito na freguesia? Alguém de respeito que assista a missas? E que tenha gosto em participar? Claro que tem de saber o que fazer… mas isso os outros também não sabiam quando começaram! Ou será que a malta de respeito, que vai à missa, e se oferece porque sabe o que fazer… é toda do PSD?
Mais estranho ainda. Tenho um amigo que se inscreveu na JSD em 2003. Inscreveu-se “porque tem amigos que são. Nem gosta mas pode precisar deles e, se o for, pode ter… vantagens!” E não é que desde essa altura é vê-lo nas organizações da MACUR (é Pai Natal), nas mesas de voto, nos Compassos… é vê-lo… é vê-lo na lista do PSD à Junta de Freguesia de Rio Meão!! É certo que ele é um moço de respeito, mas como ele conheço mais 50 na freguesia. Não acredito que ele se ofereça, muito menos que ele perceba alguma coisa de religião e Compassos… e tenho a certeza que ele e missa são incompatíveis.
Tudo somado, só posso concluir que se quiser fazer parte do Compasso, no fundo a razão que me levou a escrever estas linhas, tenho de me tornar citrino… Porque em Rio Meão, mesmo em época de coelhos e amêndoas, são as laranjas que mais ordenam!!!

P.S.: Quero deixar claro que não tenho nada contra as pessoas que compõem o Compasso na minha Rua e/ou freguesia. Isto claro, sem contar com a parte de me sacarem um envelope com dinheiro sempre que cá vêm!!! Sou até amigo de alguns. Pelo que confio, ancorado nessa amizade, que percebam o alcance do meu texto.

enviado por Xico Esperto

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