Que aborrecimento! Acordei com o rosto estranho e uma dor intensa. Era uma terrível dor de dentes! Pronto, lá ia eu ter que faltar às aulas! Ainda telefonei a avisar, mas ninguém atendeu. Ainda pensei ir a correr ao dentista da casa ao lado, mas hesitei. O correcto em termos legislativos é ir ao Hospital.
Entrei no hospital da terrinha, peguei na senha de triagem e sentei-me. Esperei até sentir calos. E voltei a sentar esperando ser atendida e entretanto já tinha engolido dois nimeds. Ultimamente e graças às novas normas resolvi auto-medicar-me! Tenho uma mini-farmácia em casa para acudir a essas doenças imprevisíveis. Também, estou a pensar em dedicar-me aos chás e outras mezinhas antigas. Dizem que resultava com os antigos!
Ao fim de duas horas chamaram-me, entrei num cubículo com o nome de gabinete médico e apareceu a médica de chiclete na boca. Expliquei o meu caso e ela disse que medicina dentária não era ali, era no privado e que pelo estado da coisa o melhor era eu despachar-me. Depressa abandonei o local e fiz uns telefonemas a fim de encontrar um dentista. Consegui uma vaga para o meio da tarde. Aguentei-me como pude e tentei ir mais cedo no caso de alguém faltar. Fui bem atendida e paguei sem pestanejar o que pediram e trouxe a respectiva justificação e ainda um atestado médico a explicar tudo e a dizer que estava impossibilitada de falar durante dois dias.
No dia seguinte apresentei-me na secretaria da escola para justificar as ditas cujas faltas!
A funcionária sorriu e abanou a cabeça dizendo que com esses papéis não poderia justificar as faltas como era costume. Que teria de ir á minha médica de família e pedir um atestado médico. Lá fiz uns 10 kms e coloquei o problema à menina do posto médico. Nada feito, a médica estaria fora uns dois dias! Ainda tentei o outro médico, mas não tinha vaga, nem eu era a sua paciente. Aconselharam-me ir de novo ao Hospital da terrinha e mostrar os papéis e o resto! Fui calmamente no dia seguinte!
Já tinha passado a hora de almoço e novamente lá estava com o ticket na mão e esperava a minha vez. Ao fim de duas horas entrei e coloquei o problema. O médico hesitou, fez de conta que era de outro planeta. Até falei da outra médica, da minha médica ausente e da escola e da nova legislação.
Apesar de não ter usado nenhuma diplomacia, ele resolveu passar um atestado para os dois dias. Mas ouvi um sermão! Que não podia escrever sobre medicina dentária, pois não era a sua especialidade e nem conhecia o dentista em questão, etc etc. (E também disse mal do governo, mas por motivos óbvios não vou repetir).
Limitei-me a agradecer o tal atestado onde dizia que não podia trabalhar por não me encontrar em boas condições físicas. Agora, da minha dor dentária e intensa, nada dizia!
Cheguei a casa e já nem me lembrava da minha primeira dor, agora a dor era na nuca. Tomei mais dois nimeds! No dia seguinte seria um dia normal…
26 maio, 2007
DIARIO DE UMA PROFESSORA III
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