Tendo em conta o castelinho de Santa Maria da Feira e sabendo que os homens medievais eram também cuidadosos com os fogos, a cozinha era quase sempre construída em pátio exterior. Incluía o almofariz, alguidares, funil, panelas e frigideiras de cabo comprido. A maioria dos pratos eram feitos em panelas de ferro e o fogo nunca se apagava. Não se via porcos no espeto a rolar! O que se podia ver eram os vários caldeirões de 3 pernas sobre o fogo ou então suspensos se fossem mais pequenos.
No século XIV jantava-se entre as 10 e as 11 da manhã e a ceia era por volta das 6 ou 7 da tarde. Depois acendiam as tochas e o resto era escuridão e muito fumo.
A cozinha medieval usava e abusava de ervas aromáticas como os coentros, a salsa e a hortelã para condimentar os pratos. Cultivava-se o tomilho, o alho, a mostarda e o açafrão e utilizava-se também o sal e ainda pimenta vinda do Oriente. A carne era quase sempre salgada e a fresca só em dia de matança. O peixe era salgado ou seco, defumado e frito e cozinhado com salsa e funcho. Quarta, sextas e sábados era pecado comer carne! Mas a fêvera na viagem medieval não era comida nesses dias! O que se comia na época e eu bem procurei por lá, era o arenque salgado e as enguias. Peixes de mar e de rio era o que mais se comia. Quanto a legumes coziam as cebolas e muitas couves. Estas serviam para engrossar sopas e estufados. É claro que os nobres teriam uma maior variedade. Comiam o pão de centeio ou trigo e não pensem que era branco e fofinho! Também havia pão de farinha de castanhas, mas era mais azedo. Quanto ao porco, só alguns o criavam e só era comido em dia de matança. Depois as partes do dito eram salgadas ou aproveitadas para se fazer enchidos.
Na mesa também se colocavam queijos e cremes de leite de vaca, cabra e ovelha. Podiam fazer pastéis de leite ou tigeladas. Mas usavam o mel para adoçar.
O prato mais repetido era um espesso caldo de legumes e muita carne, mas de aves. Além destas, também se comia o carneiro e o cabrito, a lebre e o faisão. Quando havia, caça exclusiva da época, como o javali, veado, urso, o gamo, a corça, a garça, e o pavão, também eram apreciados, principalmente pelos nobres. Um banquete medieval podia incluir ainda iguarias como pavão, baleia ou cisne.
O arco era um instrumento de caça e servia para apunhalar lebres, perdizes e faisões. A caça era assim o desporto favorito do senhor e uma forma de acrescentar comida suplementar à sua despensa.
A falcoaria era igualmente um desporto medieval muito popular. Os senhores possuíam os seus próprios falcões e gastavam avultadas quantias de dinheiro na compra e treino destas aves. Os falcões eram treinados pelos falcoeiros para caçarem coelhos e pássaros e pombos. Os nobres tinham por hábito saírem para a caça a cavalo e com um falcão no punho.
Bebiam muito vinho, brancos, tintos e palhetes. Como azedavam com facilidade, juntavam mel ou gengibre. Também havia uma cerveja muito azeda feita de mistura de cereais. As mesas cobriam-se de pratos de barro e escudelas de madeira, as quais serviam para duas pessoas. O talher não era muito usado. Preferiam a faca, a colher e os dedos.
Mas nesta região só se poderia fazer um relato mais aproximado se algum estudioso descobrisse o local exacto dos detritos domésticos medievais e depois analisassem laboratorialmente os vestígios arqueológicos a fim de permitir leituras estratigráficas da área ocupada nesse período.
Sem comentários:
Enviar um comentário