Vai daí, o nosso Tony Redes de Pigeiros, decidiu, pela manhãzinha de um solarengo dia de Agosto, instalar-se confortavelmente no cadeirão do salão nobre da Cambra para "passar sumariamente os olhos" pelo EIA.
(Eu cá desconfio que ele anda é a treinar para a sua quarta candidatura a alcaide-mor. Mas adiante...).
Diga-se de passagem que o homem não é muito fundamentalista: levava o rosto destapado e não parecia ter vindo da confraternização seguida de "Rave Party" realizada dias antes pelos Verde Eufemia.
Não sei quantas vezes o Tony Redes já escreveu sobre este tema. Mas agora, tenho de reconhecer, ultrapassou todas as minhas melhores expectativas.
E porquê?
Porque pela primeira vez na história da comunidade feirense, um político de nomeada (que defende, objectivamente, a instalação de um Parque Jurássico na Quinta da Lage em Pigeiros), conseguiu "disponibilizar" mais do que cinco minutos a ler ou a consultar um dossier técnico que, salvo raras excepções, temos de convir, são uma autentica maçada.
Normalmente, como toda a gente sabe, as decisões dos nosso autarcas, são tomadas em cima do joelho e sem qualquer critério associado, politicamente falando: "...talvez o Felicianito Pigeirense não crie grandes ondas, tanto mais que ficará mais em conta construir uns armazéns para armazenar ferro velho do que ter de iluminar toda aquela estrada com lâmpadas de luz vermelha..." – terá pensado o Barbinhas.
Por isso, o Tony Redes, resolveu dar-nos uma lição. Ensinou-nos que, mesmo quando as decisões já estão tomadas e não têm retorno, vale a pena protestar:
Vale a pena protestar contra a descarga nos Rios de efluentes industriais e domésticos sem qualquer tipo de tratamento; Protestar contra o ataque voraz do betão e do ferro contra os registos pré-históricos; Protestar contra o não respeito pelo canal de protecção à Variante Feira/Arouca; Protestar contra a destruição da fauna e flora da região;
Referiu-se também, entre outras coisas, à velha história da protecção às Termas de S. Jorge e ao perigo de contaminação dos lençóis freáticos.
Mas o que é que ele queria?
Toda a gente sabe que aquele é o melhor local da Região Entre-Douro-e-Vouga para instalar um parque se sucatas. Senão vejamos:
- As freguesias de Pigeiros e de Caldas de S. Jorge, não têm eleitores suficientes para mandar cantar um cego quanto mais para condicionarem a eleição de um qualquer presidente de câmara;
- O Rio Uíma, dado já ser um repositório de um sem número de efluentes domésticos e industriais não tratados, certamente não transbordará com mais umas escorrências ferruginosas nem com umas centenas de litros de óleo queimado;
- As Termas, como são um entrave ao desenvolvimento turístico do resort junto ao Europarque, devem a curto prazo, ser transformadas num hipermercado do tipo "minipreço", "pingo doce" ou outra insígnia qualquer;
- É também muito mais interessante que as piscinas municipais da coba ofereçam um serviço de SPA junto ao Cáster do que devolver à Princesa das Termas de Portugal, o prestigio que possuíram noutros tempos.
- Com um bocadinho de sorte, conseguem canalizar a água que brota em Caldas de S. Jorge, até à Quinta do Castelo e assim evitar o aborrecimento que é transportar, todos os dias, os velhinhos hospedados no Inatel até às Termas.
Equacionar outros locais? Para quê?
Do outro lado da Estrada Nacional 1?
- Nem pensar. As escorrências vão direitinhas para a coba. E já viram o que é um Parque de Sucatas ser instalado logo na terra do Presidente escapanense ou do seu amigo Leitinho de Sanfins?
Na Coba?
- Jamais. Logo essa terra onde nascem os verdadeiros artistas (dos tempos medievais e dos Imaginarius), cheia de Literacia, a terra dos Doutores e dos (des)Funcionários Públicos.
Junto ao Europarque? Nos terrenos do apregoado Parque de Ciência e Tecnologia?
- Tás maluco. Isso é que não. Toda a gente sabe que não podem haver misturas com a malta do Inginheiro Lulu Castro, do Sempre Ausente e dos amigos Anglo-Saxónicos (a industria do ferro velho é uma actividade "suja" e os empresários andam com uma permanente gravata negra à volta das unhas - à excepção do presidente da associação dos sucateiros de Gião).
Meus caros, sou duzentos por cento a favor da localização da mega-sucata na Quinta da Lage:
- Será de uma vez por todas, destruída a bacia hidrográfica do Uíma (o Menezes que apanhe com a água suja - não pode ter só louros);
- A água das Termas cheira mal de mais, e por isso, já era tempo daquele espaço ter fechado. É melhor encaminhar os aquistas para S. Pedro do Sul. Lá sim existe qualidade ambiental, essa coisa antiquíssima e que já não se usa nos concelhos mais desenvolvidos;
- Os duzentos e tal sobreiros que lá insistem em manter-se de pé, não deviam ter nascido;
- Rex, O Tiranossauro, não tinha nada de ter passado por Pigeiros;
- A paisagem, do "outro lado" da E.N. 1, que se lixe;
- A completa impermeabilização de vinte e tal hectares de terra, numa encosta declivosa não tem mal algum;
- Os trabalhadores do ferro velho vão usar bata branca e as moderníssimas crocs;
- Os coitados dos sucateiros, que sempre pautaram a sua actividade por um conduta exemplar, vão ter finalmente, um espaço condigno e licenciado para praticarem a dita "economia de mercado" (em meia dúzia de anos, 90% dos pequenos empresários vão-se transformar em "angariadores" dos verdadeiros trutas da sucata);
- A Siderurgia Nacional, fica já ali, ao virar da esquina;
- Será possível proporcionar àquelas respeitáveis senhoras que, coitadas, passam os dias sentadas numa lata de
- No lugar do empreendimento turístico "MARVA", que se falava nos anos 80, irá agora aparecer indústria pesada à fartasana, que criará não sei quantos postos de trabalho (aposto que é capaz de empregar mais do que 7 pessoas de Pigeiros);
Como vêm, é só vantagens...
É lá preciso fazer mais estudos?!!!
Post Scriptum:
Este EIA custa tanto dinheiro que, mais uma vez, o nosso Barbinhas entendeu não ser justo sobrecarregar financeiramente os seus compinchas da Associação de Municípios de Terras de Santa Maria com mais umas verbas no sentido da elaboração de estudos para outras possíveis localizações. Parece-me bem. O homem é poupado...
Voltaire
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