Muita gente faz comentários pouco dignos aos professores que se manifestaram em Lisboa de 8 de Março de 2008. Ao que chegou a democracia portuguesa! A manifestação decorreu com o máximo civismo, sem confusões, com cânticos originais, sem insultos e com mensagens criativas.
Depois apareceu um tipo que chamou-os de hooligans, mostrando bem que não sabe o que isso é! Como dizem que têm vergonha dos professores portugueses também não me vou dar ao trabalho de lhes explicar a diferença. Deviam perguntar as razões que levaram 100 mil professores cheios de testes para corrigir a sacrificarem o sábado para estarem
1.º O roubo de alguns anos de tempo de serviço que se prestou honestamente;
2.º O trabalho extraordinário sem remuneração, como por exemplo reuniões e visitas de estudo obrigatórias e fora do horário escolar.
3.º Décimo ano sem aumento, com os combustíveis e os bens essenciais sempre a subirem;
4.º A impossibilidade de ser coordenador de departamento e de algum dia subir a professor titular mesmo que tenha "Excelente" na avaliação, porque as vagas entretanto ficarão todas ocupadas e dependem de um número reduzido de vagas.
5.º A burocracia que implantou na escola numa era de desenvolvimento dos meios informáticos;
6.º A avaliação dos alunos e o abandono escolar contarem para a avaliação;
7.º Os avaliadores e o director da escola não serem eleitos pelos professores;
8.º A falta de tempo para planear e preparar as aulas, elaborar e corrigir os testes, fazer relatórios de aulas de apoio, de Estudo Acompanhado, de tutoria, de Área de Projecto, de desempenho de cargo, de aulas assistidas, de actividades, de redigir actas de reuniões intercalares, de avaliação, de grupo, de departamento...e ainda as novas grelhas para avaliar tudo e todos…
9.º Um modelo de avaliação que não valoriza o trabalho ou o desempenho profissional, mas a relação que se tem com o avaliador e/ou a sorte com as turmas que nos foram atribuídas;
10.º O elevado número de alunos por turma, que impedem de dar o apoio certo e as estratégias diferenciadas de que alguns alunos necessitam;
11.º O regime de assiduidade presente no novo estatuto do aluno que só pode ter sido elaborado por quem não conhece a realidade do ensino básico;
12.º Os alunos que durante o percurso escolar beneficiaram de redefinição de estratégias e de critérios de avaliação e que perderam o estatuto de alunos com NEE (para se poupar dinheiro) têm de fazer exames nacionais no 9º ano iguais aos outros, comprometendo irremediavelmente o seu sucesso;
13.º A falta de condições nas escolas para o trabalho individual dos professores. Na sala de professores não se consegue concentração para preparar as aulas e corrigir os testes ou outros.
14.º Os insultos com que a Sr.ª Ministra nos tem presenteado;
15.º A divisão da carreira em duas categorias; Esta levou a um mal-estar entre professores e foi injusta com muitos daqueles que se dedicaram inteiramente aos alunos. Foi vantajosa para quem faltou e andou a fazer mestrados e outros.
16.º A falta de negociação no Estatuto da Carreira Docente, no Estatuto do Aluno, no novo modelo de avaliação do pessoal docente, no novo modelo de gestão das escolas;
17.º A desautorização do professor perante os seus alunos, quando entrar alguém para avaliar o professor;
18.º As inverdades que tem dito e que mostram um total desconhecimento sobre a realidade das escolas;
Todos estes motivos tem por trás um partido, o Partido Socialista com a sua política egocêntrica e arrogante de gabinete sem tentar perceber o que se passa nas escolas, com uma política educativa que não tem resposta para todos e sem feed-back racional e eficaz. Até deixaram de ouvir o Conselho de Escolas, um órgão criado por esta ministra.
Ouçam os professores e não se limitem a uma opinião. Tentem ir a algumas escolas e falem com alguns professores diversificados e sem ligações a sindicatos ou partidos. Porque ensinar é sabedoria, não é fazer Upgrade aos professores!
E quem sabe o que é melhor para o ensino é quem está por dentro e já tem uns anitos de experiência e nunca um qualquer de outra área.
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