09 junho, 2008

Ângelo Pedrosa, a entrevista!

Kouzas e Louzas
Nesta segunda-feira, saiu mais uma edição do Semanário do Correio da Feira!
A última edição em que Ângelo Pedrosa faz parte da Redacção do Jornal.
Dependendo de quem gosta ou não, para o bem ou para o mal, Ângelo Pedrosa é uma referência da comunicação social Feirense e por consequência uma das pessoas caricaturáveis do blog.
Tão natural como respirar, aqui temos Ângelo Pedrosa na primeira pessoa em exclusivo para o Kouzas e Louzas.

Shrek (KL) – Hoje, podemos dizer sem qualquer sombra de dúvida que o Ângelo Pedrosa já não faz parte do Correio da Feira? Para além das normais razões pessoais, há mais alguma que possamos saber sobre o motivo da sua saída?

Ângelo Pedrosa (AP) – Quando fui convidado pelo jornalista Salomão Rodrigues para abraçar o novo projecto do Correio da Feira sempre disse que ficaria enquanto sentisse prazer naquilo que fazia. O meu desejo sempre foi fazer rádio, mas cheguei a acreditar no projecto jornal. No dia em que senti que não sentia prazer, que o projecto não ia singrar como a referência da região, saltei fora e apresentei a minha demissão. Não sei estar de outra forma nos projectos. Para, simplesmente, estar não vale a pena, nem de perto nem de longe.

KL – Estava decidido que o fim dessa relação profissional seria no dia 20, alguma razão especial para esta antecipação?

AP – Foi uma decisão da administração e nada tenho a dizer. Sempre que sai, fi-lo com dignidade e sem causar problemas a ninguém. Assim será desta vez, também.

KL – Neste momento é um desempregado ou já tem alguém à sua espera?

AP – Tenho convites aliciantes, também do concelho da Feira e darei, sempre, prioridade a este concelho, pelas suas gentes e pelo seu dinamismo único. Na próxima semana, haverá novidades.

KL – Se tiver que ir trabalhar para fora do Concelho de Santa Maria da Feira, sente-se de alguma maneira injustiçado ou fá-lo por opção própria?

AP – Se algum dia trabalhar fora do concelho, que seja por um projecto nacional, de uma rádio nacional. Sinto, por vezes, que não chega a competência e a capacidade, que sem a cunha não se chega lá, mas talvez seja impressão minha. Desejo estar enganado. Darei, sempre, prioridade ao concelho da Feira.

KL – Dizem as “más-línguas” que o Correio da Feira é um jornal ao serviço dos Socialistas do Concelho. Que opinião tem um ex. Jornalista do Jornal?

AP – Já ouvi esse comentário, mas não quero acreditar que tal seja verdade. O jornal tem um director e o tempo o dirá se está, ou não, ao serviço de alguém.
Como cheguei a afirmar, nunca me censuraram nada, mas uma das manchetes, quando estive internado, não me agradou, nem de perto nem de longe, mas quem sou eu para contrariar o que quer que seja. Sempre fui um simples funcionário do Correio da Feira. O tempo surge, sempre, como o melhor conselheiro para todas as respostas.

KL – Acha que o outro jornal, o Terras da Feira e as Rádios estão de alguma maneira, também ao serviço de alguma (s) força(s) partidárias? Quais?

AP – Cada profissional deve falar por si. Não vou falar da casa dos outros. Não me ficaria bem. Cada um pode tirar as suas conclusões, mas posso afirmar que seria bom que o Correio da Feira tivesse a dinâmica do Terras da Feira e que a RCF tivesse a dinâmica da Águia Azul. Seria bom para o próprio concelho. Cabe aos feirenses, tirarem as suas conclusões, sobre os jornais e rádios. O Correio da Feira progrediu muito, mas faltou-lhe ambição, para tentar ser o número um e não o outro.

KL – A sua saída da Rádio Clube da Feira, foi ainda pouco explorada e esclarecida, quer de alguma maneira esclarecer os leitores do blog?

AP – A partir do momento em que me apelidarem de traidor, na rádio, só me restava uma opção, ou seja sair. O director, Nelson Pais, foi injusto comigo, mas também reconheço, hoje, que tive uma noite infeliz na noite do debate, antes das eleições das Caldas de S. Jorge. Fui apanhado no meio de um conflito que não me dizia respeito e só devia estar calado e não aceitar moderar um debate que não estava preparado pela direcção da rádio, mas o tempo mostra quando estamos errados. O Nelson, hoje, sabe que eu não o traí, porque eu não sou assim, e eu sei que falhei naquela noite do debate. Assumo os meus erros, mas fui mal tratado e, como tal, só podia sair, como o fiz. Hoje, teria feito o mesmo, mas nunca vou esquecer que foi o Nelson que me convidou e que confiou na minha capacidade.

KL – Recentemente, todos ficamos a saber e preocupados com o seu estado de saúde, que inclusive o colocou numa cama de Hospital em estado considerado grave. Quer esclarecer afinal qual a doença que padeceu?

AP – Sepsis, uma infecção generalizada, que é fatal em 80 por cento dos casos, quando entra na corrente sanguínea e chega ao choque séptico. Felizmente, o susto já passou, foi mesmo o maior susto da minha vida. Nunca senti tantas dores e tanto medo.

KL – Neste momento está 100% recuperado?

AP – Ninguém, mesmo ninguém, pode dizer que está a 100 por cento. Ainda terei que ser operado, de novo, no S. Sebastião e, como sempre, vou confiar nos profissionais e, acima de tudo, em Deus.

KL – Como escrevi. Você esteve mais para “lá” do que se imagina. Isso mudou de alguma maneira a sua maneira de ver as coisas e de lidar com elas?

AP – Sem dúvida…Jamais, voltarei a colocar o trabalho em primeiro lugar. Mais importante é a minha família, as minhas sobrinhas, as minhas irmãs, lindas, e a minha mãe, sem esquecer a Lúcia, que me apoiou nos momentos mais difíceis. Não me ama, mas nunca vou esquecer os gestos que teve. É uma mulher como poucas.

KL – Quem faz entrevistas também tem opinião. Inclusive, há quem o acuse de meter demasiadas vezes a sua opinião pessoal nas notícias. Gostava de ter algumas opiniões sobre alguns assuntos da nossa Bilha:

Alfredo Henriques: Um autarca muito experiente. Não o conheço como pessoa, mas sempre me respeitou, mas ninguém é eterno, seja em que lugar for.

Alcides Branco: só o conheci como pessoa. Muito bom, humano, respeitador e com capacidade.

Aterro de Canedo: Revejo-me, por completo, no povo de Canedo. Quem levou com lixeiras tanto tempo, não poderia ser, sequer, opção para o Aterro Sanitário.

Oposição em Santa Maria da Feira: Se o PSD sempre foi poder é porque os feirenses nunca sentiram uma oposição forte. Penso que, hoje, o cenário é outro e toda a esquerda trabalha bem melhor a oposição. O PS, a CDU e o Bloco de Esquerda, mas dificilmente o PSD perderá as eleições. Só por muito demérito.

O peditório ou sorteio do Orfeão da Feira: Não comento, porque não acompanhei o processo. Como automobilista, é difícil ter paciência.

As Associações do Concelho: Marcam a diferença. Nunca conheci igual. Capacidade de organização, ideias e concretização. O que de melhor existe no concelho.

O Imaginarius: Como visitante, gosto, mesmo que haja espectáculos de qualidade duvidosa, mas a arte é mesmo assim. Defendo que o Festival, como chegou a fazer o fantástico Carlos Martins, é uma mais valia do concelho, deve percorrer várias freguesias do concelho e não se fixar na Feira.

Viagem Medieval: o maior evento da região e muito positivo para as colectividades. Ganhou quando passou a ser gerido pela Feira Viva. Sou adepto incondicional da Viagem, sem reservas.

KL – É notória a admiração e de alguma forma o agradecimento que as Associações têm por si. A que se deve esse sentimento que parece ser recíproco?

AP – Nunca conheci pessoas com a capacidade empreendedora das que estão à frente das associações do concelho. É, sem dúvida, a grande riqueza do concelho. Se as associações me admiram não sei, mas não tenham dúvidas que admiro muito as colectividades do concelho, das 31 freguesias. A Feira está na linha da frente pela riqueza das suas gentes e das suas colectividades.

KL – A saída do Concelho, por agora está descartada?

AP – Não vou sair do concelho de Santa Maria da Feira. É aqui que me sinto bem, a fazer rádio, com profissionais que admiro. Não tenham dúvidas que vai surgir um projecto de rádio muito forte, que se vai afirmar como o mais forte do País, ao nível das rádios locais.

KL – Magoado com alguém?

AP – Por muito mal que me tentem fazer, nunca saio magoado com ninguém. Quero, sim, que todos sejam felizes e que lutem por isso, sem passarem por cima de ninguém.

KL – Já o disse, o Kouzas e Louzas aumentou o número de visitas a partir do momento que o Ângelo fez referência do mesmo na Rádio. Que utilidade e ou inutilidade vê neste blog?

AP – É o blog de referência da região. Tem toda a utilidade, porque fala de coisas sérias, com humor. Falta a contra informação no concelho, o Kouzas é o ponto de partida…

KL – Uma armadilha! Sei que lê o blog e uma das coisas que “adorou” foi terem lhe apelidado, na caixa de comentários de “repórter de Carrinhos de choque”.
Que comentário lhe merece?

AP – Respeito todas as opiniões e todas as críticas. Sou muito crítico de mim mesmo e procuro evoluir, todos os dias. Quando me criticam, de forma construtiva, só tenho que agradecer. Essa afirmação do jornalista “Carrinhos de choque!” fez-me sorrir e isso é sempre bom.

KL – Um mensagem para os que gostam e os que não gostam do Ângelo Pedrosa.... ou “Anjo Prosa”

AP – Tenham orgulho na capacidade dos empresários e das associações do concelho.
Eu tenho, mesmo não sendo feirense de gema. Quem me conhece sabe que sou frontal, mesmo que desagrade a algumas pessoas. Vou continuar a ser assim e a dizer que tenho orgulho em falar das gentes da Feira, das 31 freguesias. Devo tudo ao povo do concelho e o meu sonho é, mesmo, a rádio. Vou torná-lo real, não tenham dúvidas.

Quero agradecer a amabilidade do Ângelo Pedrosa em responder a esta espécie de “entrevista”!
Desejo-lhe tudo de bom, tanto a nível pessoal como profissional.
Entretanto esperam-se mais Kouzas, para que eu possa continuar a caricatura-lo no blog.

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