15 abril, 2009

A culpa é das férias

Desconfiava-se que a política educativa do Governo se reduzia à avaliação dos professores e à introdução do computador Magalhães nas escolas. Desconhecia-se era que a ministra da Educação tivesse também a pasta da...

Fernando Sobral

Desconfiava-se que a política educativa do Governo se reduzia à avaliação dos professores e à introdução do computador Magalhães nas escolas. Desconhecia-se era que a ministra da Educação tivesse também a pasta da desculpabilização do Magalhães. Aparentemente os ditos computadores não foram distribuídos a todos os alunos do primeiro ciclo antes das férias da Páscoa, como fora prometido. Aconteceu o imponderável, segundo as sensatas palavras da ministra: "a interrupção das actividades lectivas não permitiu cumprir o programa". Já sabíamos: em Portugal a culpa nunca morre solteira, ao contrário do que se diz. Há sempre um candidato a culpado ao nosso lado. E, geralmente, ele é sempre empurrado para a frente, para desculpar quem está na retaguarda. A culpa, neste caso, é das férias da Páscoa. Se não existissem férias para emperrar a eficaz máquina dirigida por Maria de Lurdes Rodrigues, os Magalhães teriam sido distribuídos a tempo e horas. Espera-se que, em futuras promoções governamentais, se proíbam as férias porque elas são um empecilho às nobres atitudes do Estado. Sem férias a normalidade funcionaria. Assim como as cantinas para alimentar as crianças que têm fome. A normalidade, para a ministra, é a mãe de todas as políticas. E o Magalhães é o sol que ilumina todas as desculpas. É claro que a sua política educativa se resume a uma cassete pimba. Afinal a ministra está apenas à espera de uma coisa: que o primeiro-ministro arranje uma desculpa para a remover de forma gloriosa.

fsobral@negocios.pt

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