por Pedro Almeida:
Reunimo-nos na véspera da hipotética data de entrada em funcionamento do pagamento nas vias Sem Custo para os Utilizadores. Não podemos deixar de confrontar o Executivo Municipal com os jogos de forças que, desde os gabinetes de Lisboa, se impõem ao País. Jogos de gabinetes nos quais o PSD, partido no poder em Santa Maria da Feira, joga também ao menino travesso: «ou se portaja o país todo ou amuamos!». E quem sofre, para não variar, são os portugueses. Uma palavra sobre o parque escolar. Como atestam as contas apresentadas, cada um dos contentores pré-fabricados que vão servindo de salas de aula custa à Câmara 500 euros por mês. Depois de terem sido prometidos 20 centros escolares para o Concelho, vemos agora que apenas dois estão concluídos, nove estão em construção, e os outros, deduzimos, estão na caderneta de primeiras pedras da colecção do Senhor Presidente da Câmara. Perguntamos, pois, qual a posição desta Câmara face aos avultados custos implicados pelos atrasos na construção do parque escolar, e se está a ser monitorizado e avaliado o impacto pedagógico, formativo e de integração social decorrente da permanência de algumas crianças, ao longo de todo o seu primeiro ciclo, em contentores pré-fabricados. Não tenho dúvidas de que qualquer criança é mais feliz numa escola a sério do que num contentor de plástico. Como também não tenho dúvidas de que uma criança cresce mais feliz, harmoniosa, tolerante, respeitadora da natureza, e, acima de tudo, saudável, se a sua escola de proximidade não for encerrada. O ímpeto concentracionista deste governo, a sua aversão à existência de clareiras institucionais onde é possível crescer sem se estar soterrado na cinzentocracia pseudo-urbana, revelam bem a falta de horizontes estratégicos de quem nos governa. Num país de vistas menos curtas, estar-se-ia a investir na criação de pequenas escolas no interior, como complemento às medidas de incentivo à fixação de famílias jovens nas zonas em risco de desertificação. No nosso concelho, Lamas 2, Cavadas, Vendas Novas e Pessegueiro estão confrontadas com o encerramento. O que tem a Câmara a dizer aos adultos que daqui a vinte anos serão estas crianças? E, por favor, não lhes respondam com a Carta Educativa...
Finalmente, queremos dar aqui conta do julgamento à revelia deste Executivo Municipal, no Tribunal de Opinião Pública organizado pela CDU na passada Sexta-feira, deixando aqui o acórdão para conhecimento dos arguidos.
MOÇÃO
Em defesa da autonomia e independência do poder local democrático
No seguimento das medidas gravosas contidas no Orçamento do Estado para 2010 e no PEC 2010 e aprovou recentemente medidas adicionais que trarão consequências ainda mais negativas para o Município Feirense. Desde logo com o anúncio do encerramento de mais escolas, como agora as 900 anunciadas a somar às 2500 já encerradas, que em Santa Maria da Feira penalizarão mais, pelo menos, 4 freguesias.
São medidas que afectam os mesmos de sempre, com particular incidência no nosso concelho, cujos desempregados registados representam já 25% no distrito de Aveiro:
- O imposto adicional sobre o IRS é um verdadeiro roubo aos salários dos trabalhadores e às reformas, agravado com o aumento do custo de vida na sequência do aumento das taxas de IVA;
- o ataque ao subsídio de desemprego desprotege ainda mais os desempregados e pressiona a baixa geral dos salários; a diminuição das comparticipações dos medicamentos que afecta particularmente os reformados com baixas reformas;
- o corte no investimento público irá penalizar o desenvolvimento nacional, agravando ainda mais o desemprego e a recessão económica;
- o ataque ao consumo interno penalizará ainda mais as micro, pequenas e médias empresas;
- com as privatizações anunciadas alienam-se serviços públicos e alavancas fundamentais da nossa economia, ao mesmo tempo que se perdem recursos financeiros essenciais para o país.
- Considerando que no quadro destas medidas o Governo desenvolve impõe novos cortes na participação nas receitas por parte das autarquias e regras na política de pessoal que violam a autonomia do Poder Local e comprometem o exercício das suas competências, impedindo a contratação com direitos;
- Considerando que a Administração Local vê diminuírem as suas duas principais fontes de receita (impostos e transferências de 100 milhões de euros do Orçamento do Estado, representando uns míseros 1,6% no OE) e aumentarem os seus pagamentos ao Estado – não há proporcionalidade nem solidariedade recíproca;
- Considerando que a descapitalização acelerada dos municípios e freguesias, por fim, terá reflexos desastrosos, a médio e longo prazo, na capacidade de conservação das infraestruturas e equipamentos públicos essenciais;
- Considerando que o Poder Local está, acima de tudo, solidário com as populações em mais este momento difícil em que são anunciados mais cortes nos orçamentos familiares, porque delas emerge directamente e lhe cabe representá-las e defender os seus interesses;
A Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira, reunida em 30 de Junho de 2010, delibera:
- Manifestar junto dos órgãos do poder central a mais viva discordância por estas medidas que impedem as autarquias de levar por diante uma política de defesa dos interesses das populações que representam.
- Manifestar a solidariedade com os trabalhadores e populações atingidos nos seus direitos, no emprego, nos salários, nos serviços públicos e direitos sociais.
O eleito da CDU,
Pedro Almeida
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