21 outubro, 2010

IEFP vai candidatar despedidos da Rohde a fundo de apoio da União Europeia

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) está a preparar uma candidatura ao Fundo Europeu de Ajustamento à  Globalização (FEG), que será enviada para Bruxelas, de forma a que o Parlamento Europeu analise a possibilidade de apoiar os desempregados da multinacional alemã de calçado Rohde, em Santa Maria da Feira.

Em Maio passado, após um processo de insolvência, 984 operários perderam o seu posto de trabalho na que era a maior empregadora nacional do sector do calçado.

Mal teve conhecimento de que o Parlamento Europeu tinha aprovado um apoio de 2,4 milhões de euros para os mais de 800 ex-trabalhadores da Qimonda, em Vila do Conde, a administradora de insolvência da Rohde escreveu ao ministro da Economia, questionando se o Governo tinha tido a mesma atenção para com os desempregados da Rohde.

O Ministério da Economia remeteu o assunto para o Ministério do Trabalho, que o reencaminhou para o IEFP - o qual acaba de informar que avançará com o processo, desde que reunidas as condições. Um dos requisitos essenciais é o número de despedimentos: é necessário que 500 operários tenham sido despedidos num prazo de quatro meses. "Os quase mil trabalhadores da Rohde foram despedidos no mesmo dia", lembra Fernanda Moreira, coordenadora do Sindicato do Calçado dos distritos de Aveiro e Coimbra. "Compete às instituições públicas, e é para isso que existem, tratar todos os trabalhadores, independentemente do sector de actividade, de igual modo desde que reunidas as condições. Todos os sectores são importantes para a economia do país", defende.

O sindicato vai agora pedir, por escrito, "esclarecimentos mais pormenorizados" ao IEFP sobre o fundo europeu e a forma como se activa. "Vamos reforçar essa vontade de apresentação da candidatura e queremos saber mais pormenores do que se vai passar", acrescenta Fernanda Moreira, que, no entanto, já sabe que o FEG é um fundo comunitário autónomo gerido por Bruxelas ao qual Portugal se candidatou três vezes. Este fundo apoia medidas para que os desempregados regressem ao mercado de trabalho, nomeadamente nas vertentes da formação profissional e da criação do próprio emprego.

O sindicato não tem números exactos de quantos ex-operários da Rohde já encontraram novo emprego, mas estima que não serão mais de 200. De qualquer forma, as indemnizações ainda não foram pagas, uma vez que o património ainda está a ser vendido. Os trabalhadores, únicos credores, reclamam créditos na ordem dos 13,7 milhões de euros.

Entretanto, as 19 viaturas da fábrica da multinacional germânica foram vendidas e segue-se a venda de peles e de calçado. Neste momento, uma empresa está a fazer o inventário de toda a maquinaria e a atribuir valor a cada um dos equipamentos. As instalações, com 23 mil metros quadrados de área coberta, estão avaliadas em 5,5 milhões de euros.

A fábrica chegou a ser visitada por um grupo de empresários alemães interessados em instalar uma unidade de energias alternativas no nosso país, mas que depois não apresentaram qualquer proposta de aquisição.

in Público

Sem comentários: