14 abril, 2006

O JUDAS E O TAL EVANGELHO

Quando Jesus andou pela Palestina a pregar, já essa gente sabia escrever em vários tipos de materiais. Embora, por aqui ainda estivéssemos no auge da cultura Castreja. Portanto, não pensem que existiam só os textos do Novo Testamento. É do conhecimento comum que abundavam imensos outros textos que falavam de Jesus e dos outros. Uns mais antigos, outros mais recentes. Uns bem escritos e outros nem por isso. Só não percebo porque é que se dá tanta importância a um manuscrito com 1700 anos! O qual levanta a hipótese de que Judas, ao contrário de um traidor, seria o discípulo preferido de Jesus. As revelações foram feitas pela National Geographic Society, numa conferência de imprensa que deu a conhecer ao mundo, pela primeira vez, algumas páginas do famoso Evangelho de Judas.
Trata-se de um escrito em língua copta, mas pensa-se que o original foi escrito em grego por um grupo de gnósticos antes do ano 180. São apenas 26 páginas em Papiro. O problema surge porque se sugere que Judas estaria afinal a cumprir os desejos de Jesus quando o entregou ás autoridades. E assim temos mais uma teoria escrita por alguma mente exaltada da época! Usou a imaginação e depois os teólogos que se entendam…
A linguagem popular designa Judas como alguém em quem não se pode confiar. E a agressividade, sobretudo em meios rurais ou mais populares, no sábado de Aleluia, faz sua catarse na tradicional “pedrada” do Judas”, quando um boneco recebe golpes e bordoadas de crianças e jovens pela traição cometida pelo apóstolo. Há regiões onde se faz a “queima” do Judas.
As Escrituras Cristãs são sóbrias porém claras ao mostrar um Jesus que caminha para Jerusalém sabendo o que o espera e assumindo a angústia e a dor de sua hora confiante no amor do Pai que nunca o abandonara, mas que lhe permite ir até o fim em sua entrega amorosa e total. Em nenhum momento renega sua solidariedade total e absoluta com o ser humano.
Perante o drama, os discípulos ficaram assustados e optam por diferentes tipo de atitudes. Muitos fogem, poucos ficam. Sobre Judas as informações são muito poucas. Algumas correntes da exegese bíblica identificam seu nome – Iscariotes – como um grupo de sicário, que seria uma facção radical daqueles que se opunha à ocupação romana e acreditavam na retomada de Israel por caminhos inclusive violentos. Posteriormente, os Evangelhos dizem que se enforcou por se ter arrependido do seu acto. Não há que invocar privilégios para Judas a fim de resgatá-lo do lugar de maldição que a tradição lhe designou. Basta para isso a fé na misericórdia de Deus que salva traidores e traídos, carrascos e vítimas e que deseja a felicidade para todos!

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