13 abril, 2007

PEDAÇOS DE SANGUÊDO

Esta freguesia é importante na história da antiguidade e até na Idade Média. E talvez por isso tenha recebido tantos votos aqui!
Protegida desde os primórdios do Cristianismo pelas bênçãos de Santa Eulália, uma Mártir oriunda de Mérida (séc. IV). Foi à volta da sua pequena e primitiva Igreja que a comunidade se organizou em paróquia, antes da nacionalidade. Dizia-se por então Sanganeto (de Sanginetus — terra abundante em sanguinheiros-Planta verdes de folhas pequenas) e era uma "Villa", a par como as de Mouril, Mualde, Sá e Aldriz. Todas elas no sopé do Monte do Crato. Provavelmente uma povoação Castreja com um povoamento castrejo, amuralhado e situado em altitude vigilante, defensivo e pré-romano.
Daí, o núcleo inicial do povoamento de Sanguêdo, foi atraído ou obrigado a descer para as terras baixas e férteis, entre dois cursos de água, de si muito mais propícias à exploração intensiva da agricultura que interessava aos romanos. E foi aí, que os já hispano-romanos fundaram as suas "Villas", como casas agrícolas, com residência senhorial (Paço), residências de pessoal, abegoarias e terras. Por nome, deram-lhe, ou nome próprio, ou um que as retratava melhor. Mouriz, foi a "Villa" dum Maurelus.
Aldriz, a de um Aldericus, (este provavelmente já pertencente aos povos germânicos que a partir do séc. V repartiram o senhorio destas terras com os hispano-romanos). Assim aconteceu com Sá (de Sala, que é como quem diz, residência, tipo mansão), e com Mualde (villa de um germânico Manualdus) actualmente é um lugar da freguesia. Para a Villa Sanguinetus, o nome adveio-lhe da preponderante abundância dos sanguinheiros, o que é comum em povoados agrícolas em redor de prédios rústicos e agrícolas da área.
Nos tempos da presúria asturiana, o Conde D. Mendo Guterres, ou algum enviado seu por ele, apossou-se destas "villas", em nome do rei das Astúrias. Sucedeu-lhe na posse D. Ermenegildo Mendes, também conde e que tomou parte activa na tomada de Coimbra em 878 d.C..
Dum ramo, já secundário da família, destes primitivos condes, é Gondosendo Eriz (910—947d.C.) que senhoriou Sanguêdo e as "villas" das redondezas, juntamente com D. Inderquina Mendes Pala, filha por sua vez de Ermenegildo Guterres, o tal que em Coimbra foi primeiro conde. No seio desta família, em dia de desgraça, nasceu uma menina quase paralítica e que mal se podia sentar, como diz seu pai no testamento de 897d.C.. Nesse tempo, factos como este, eram tomados por pertinentes castigos divinos aos pecados humanos dos pais, que bem se recordavam da forma como se haviam tornado latifundiários na região. A ira divina, foi aplacada com a libertação dos escravos após a morte da inválida filha, (a quem serviriam em vida) e com a imediata atribuição dum quinto das terras para sustento dos mosteiros que fundaram antes de 947d.C., em S. Miguel de Azevedo, Santa Marinha de Avintes e aqui em Santa Eulália de Sanguêdo. As terras doadas ao Mosteiro de Sanguêdo, iam de Avintes a Quiaios, passando por Esmoriz e outras terras. O Mosteiro de Santa Eulália anexo à Igreja, que o citado documento de 897, diz ser antiquíssima já por então — "que ibidem ab antiauis fundata est" — ficou também sob a protecção de S. Cristóvão, talvez para que a desditosa filha D. Froila, pudesse um dia andar por seu pé...
O mosteiro veio a extinguir-se, ainda antes da Nacionalidade, por acção retaliadora de Almansor ou porque se integrou no de Pedroso. Dele ficou a memória toponímica do lugar do Mosteiro e algumas aldeias que ainda no séc. XIII pertenciam à Igreja. O património fundiário, esse integrou-se na nobre família do Marnel e a paróquia seguiu os destinos históricos das Terras de Santa Maria. Em 1514, o célebre foral de D. Manuel concedido à Terra da Feira, consigna para parte dos habitantes de Sanguêdo a obrigação de pagarem impostos em dinheiro (o que indicia a existência de algum comércio) e para outra parte, (a dos agricultores), a de o fazerem em géneros. Ao tempo do Pe. Carvalho da Costa (1868) e da sua Corografia, Sanguêdo era uma "Reitoria do Bispo do Porto e tinha 130 vizinhos e uma ermida a Santo António". Ou seria uma reitoria da Universidade de Coimbra, segundo a Estatística Paroquial (1862).
Actualmente é uma freguesia onde nada falta desde a Cruz vermelha, Centro Social permanente (um dos melhores de Aveiro), Infantário, Biblioteca, Banco, Junta, Posto Médico, Casa Mortuária, Casa da Juventude, Zona industrial, Centro de Acolhimento de pessoas em risco (quase acabado). O povo é empenhado!
Vemos isso no Futebol e no rancho folclórico, no grupo de teatro e de música e ainda na Igreja!

Mas há quem diga que exageram! Adoram recolher todos os ciganos que outras terras em redor não querem. E ainda dão guarida no bairro social a outros de fora que ninguém deseja, como é o caso de uns habitantes de Argoncilhe que perderam a casa.

E ainda adoram ter por lá uns Marroquinos que cismam em não aprender a tomar banho!
Concluindo: não é pelo tamanho territorial que se avalia um povo!

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