Intervenção na Assembleia Municipal do Dr. Adriano Alves da Silva Santos
Estou aqui, pois não posso calar a indignação que neste momento enche o coração da população de Canedo, porque esta freguesia albergou lixeiras a céu aberto desde a década de 70 em diversos lugares da freguesia, a saber: durante 6 anos entre os lugares das Costouras e Mosteirô, que recebia os lixos da Feira, sem qualquer controlo e respeito pela saúde pública. Como esta saturou, no fim da década de 70, mudaram os despejos para o lugar da Inha, também com o mesmo regime e durante o mesmo tempo. Há cerca de 25 anos, por imposição legislativa de ordenamento das lixeiras, Gaia e Feira oficializaram Canedo como depósito de lixo com a lixeira de Valadas, que só foi encerrada em 1999. Querem-nos transformar em lixeira perpétua?
A agravar essa situação, Canedo não possui saneamento básico. A poluição dos solos e das redes friáticas provocadas pelas diversas lixeiras e pela falta de saneamento é tão grave que não temos em Canedo água própria para consumo, e, também não temos, na maior parte da freguesia água da companhia.
Estou perante presidentes de Juntas de Freguesia de todo o concelho. Face à situação exposta, se o senhor presidente da Câmara os informasse que estava a pensar construir um aterro na vossa freguesia, e atendendo a este passado descrito, haveria alguém que concordasse?
Agora coloquem-se na posição da população de Canedo. Qual seria a vossa resposta?... Nem pensar…Nem pensar porque são cidadãos feirenses com direitos iguais aos outros. Repito direitos iguais.
Senhor Presidente da Câmara, o senhor que tem a obrigação de saber/conhecer os problemas do seu município, o que lhe passou na cabeça para pôr sequer, como hipótese, o novo aterro em Canedo? Foi esquecimento de que faz parte das suas funções a defesa dos direitos dos cidadãos com justiça, igualdade e boa fé? Ou será porque temos um presidente de Junta que vende a qualidade de vida por uma piscina? Atenção senhores Presidentes porque em Canedo até o vosso partido já mostrou o cartão amarelo À Junta de Freguesia.
Quanto ao chamado estudo prévio da localização do aterro, peço a todos que o leiam e analisem e tirem as vossas conclusões, só refiro pequenos pormenores, para terem uma ideia da falta de parcialidade e boa fé de quem o encomendou:
Nas Páginas 4, 12 referem claramente que existiram “reuniões prévias com as autarquias, com base nos PDMs para definição dos locais a considerar…para implantação do novo aterro.”
- Deste trabalho prévio resultaram 4 locais
- Local 1: Localidade de Sandim (Crasto), foi considerado muito fraco “porque é próximo de linhas de água (rio Uima), sem dimensões (11 ha)
(pag.32 do estudo)
Local 2 – localidade de Várzea (Sandim/Canedo), foi considerado fraco “por ter um terreno com forte declive o que inviabiliza a construção e também porque cerca de 80% do terreno está numa REN, próximo do lugar de Várzea e como teria de ficar muito elevado teria muita visibilidade e vulnerabilidade aos odores”(pag. 33 do estudo)
Local 3 – Localidade de Sobreda (Canedo), considerado bom porque “há muita área disponível, dos quais 30 ha são REN, boas acessibilidades…”(página 34 do estudo)
Local 4 – localidade de Pigeiros – “apresenta bom potencial para construção de um aterro, mas … está indisponível porque está aprovado para o local o PERN(Parque Empresarial de Recuperação de Materiais)”(pagina 14 do estudo).
Ou seja, dos quatro locais fornecidos pelas autarquias para o estudo, nas tais reuniões prévias, 3 eram inviáveis à partida, só um servia…Para evitar juízos de valor mais fortes que daqui advém, fico-me pela violação clara do princípio constitucional de imparcialidade e boa fé.
Quanto ao repto lançado pelo Sr. Presidente da Câmara “encontrem outras soluções, outros locais” – somos apenas um movimento cívico, os serviços camarário têm técnicos capazes para resolver o problema. Canedo é que não pode receber o aterro a bem da justiça, da igualdade e da solidariedade. Canedo está com a força da razão. Não nos calaremos.
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