12 maio, 2009

Hoje, quase em segredo, estivemos em Moscovo, no festival da Eurovisão

No final de mais um dia, de crise, que é o que está a dar, estava eu descansadinho, -nunca descansei tanto como agora, quando, me preparava para ver o Telejornal apanho com aquela música, que julgo, perdoem-me se não  é, a 9ª sinfonia de Beethoven, que dá inicio às ligações à Eurovisão. Era a transmissão do Festival da Canção. Até pensava que estava no Canal Memória, mas não. Estava mesmo na actualidade. Era em Moscovo o de este ano, nunca tinha ouvido falar do tal, mas ainda mais fiquei admirado quando ouvi o apresentador português falar da nossa representação no mesmo. Não me perguntem como  foi seleccionada, quando e onde. Nunca em tal ouvi falar. Mas a verdade é que fomos até Moscovo com a canção “Todas as ruas do amor” interpretada pelos  “Flor de Lis”.

Alguém se lembra do que era o nosso Festiva da Canção, que se destinava a escolher  a nossa cantoria, que nos iria representar na Eurovisão? Já é preciso ter uns anitos bons em cima dos ombros. Foi em 1964 que se realizou o primeiro e vieram até aos nossos dias. Mas, até 1974, 25 de Abril oblige, além de um festival de canções, era também uma “feira de vaidades”. Interpretes e compositores, eram os melhores da altura e nomes sonantes da poesia, também marcaram presença, como autores de canções. A assistir, estava a totalidade do jet set da época. Estavam caidinhos lá todos.  O país, naquele dia, parava. Não se falava doutra coisa.

A canção vencedora era escolhida por votação distrital e era por telefone que se efectuava. Começavam os telefonemas por Aveiro, terminavam em Viseu com passagem pela Madeira e Açores, era quase uma noite inteira, até porque as falhas nas ligações, aconteciam amiúde.   O vencedor ia então, à Eurovisão, qual Champions League da Canção, disputar o titulo da melhor canção europeia.

Boas canções nos deixou este festival. Inesquecíveis a Desfolhada de Simone de Oliveira, bonita a Menina do Alto da Serra da Tonicha, deu algazarra a Tourada do Fernando Tordo  E depois do Adeus de Paulo de Carvalho até foi senha do 25A e o saudoso Carlos Paião também lá esteve em Playback e muitas mais e boas canções por lá passaram.

Com o 25 de Abril, com a democratização a chegar a todo o lado, ao festival chegou e só estragou, até de nome lhe mudaram, mas não adiantou. As canções, na maior parte dos casos, quase viraram manifestos políticos. Foi definhando e hoje. Sim, hoje quem sabia que estávamos em Moscovo a concorrer? Tirando os familiares dos “Flor de Lis” só uns poucos. Eu, por exemplo e por mero acaso.

Acabei por assistir ao espectáculo e que espectáculo. Simplesmente espectacular. Os cenários, uma maravilha de efeitos multimédia e de uma grandiosidade soberba. Chegavam a ofuscar os intérpretes. Estes faziam gala de encenações não menos espectaculares. Mas, perguntam e nós, como nos  portamos? Bem, pelo menos para o júri. Gostaram, tanto, que nos classificaram para a final.

Boa sorte.                   

(By Xeirinhas)

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