12 maio, 2009

Sobre o abate do pinheiro manso em São João de Ver (CDU)

- Mataram uma árvore venerável -    cdu

O pinheiro-manso é uma espécie mediterrânica, espontânea em Portugal Continental, facilmente reconhecível pela sua copa arredondada.

O Pinheiro Manso é uma árvore que vulgarmente atinge grande porte como o atestava este exemplar abatido em São João de Ver, que era uma referência para a população local, fazia parte do seu e do nosso imaginário colectivo. Era uma árvore que seguramente rondaria os 30m de altura, que na sua mais do que bicentenária idade, nos olhava do alto do seu tronco direito e robusto, não sendo visíveis sinais de debilidade vegetativa que lhe pusesse em risco a sobrevivência a curto médio prazo. Uma árvore destas dimensões, no seu estado natural como era o caso, suporta uma grande diversidade biológica, constituindo uma verdadeira ilha no ambiente que a circunda.

Este estava fortemente enraizado na nossa memória, já que com o seu porte altivo caracterizava a zona, dava nome à curva que lhe era vizinha tendo sobrevivido inclusive à serração que décadas a fio ali laborou.

Sobreviveu a tudo menos a um presidente de junta do PS.

A nível ambiental, o declínio florestal em Santa Maria da Feira acontece a olhos vistos, diminuindo assim a biodiversidade, pondo algumas espécies em perigo e levando a que outras desapareçam por completo do nosso município.

Cerca de 85% da floresta de Portugal é propriedade privada, e apenas 3% pertence ao Estado Português, os restantes 12% são baldios, e pertença de comunidades locais. Têm sido constantes os atropelos à lei por parte de entidades e cidadãos, o que decorre também da forma simplista como a sociedade olha para o ambiente em todas as suas componentes.

A CDU relembra que "Todos autarcas que, sem autorização escrita dos técnicos da câmara, cortem ou podem árvores em locais públicos, devem ser alvo de um processo de contra-ordenação por parte das autoridades do ambiente (SEPNA).”

Vemos alguns autarcas preocupados com muros e passeios. Um muro volta a fazer-se mas uma árvore demora dezenas de anos a crescer, acrescentamos nós.

Cortar árvores é crime perante a lei, as árvores são um património “demasiado valioso” para ser abatido duma forma tão simples. Os argumentos dos técnicos que justificam o abate com o mau estado fitossanitário das árvores, a sua inadequação perante a malha urbana existente e a sujidade que provocam, entre outras razões, não convenceram alguns moradores nem nos convencem a nós.

A CDU exigirá que lhe sejam facultados o Parecer dos técnicos sobre a doença que motivou o abate da árvore, orçamento para a intervenção naquela zona, incluindo o abate do vetusto exemplar, o valor da madeira do mesmo, a plantação feita posteriormente, o projecto paisagístico para aquela zona do concelho, e o número de reclamações e pedidos de indemnização entrados na Câmara devido à queda de ramos de árvores.

Pela Comissão Coordenadora da CDU

11 de Maio de 2009

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