08 março, 2010

Analisar dificuldades no pré-escolar

Por Sara R. Oliveira
Projecto-piloto para detectar necessidades educativas especiais em crianças até à idade escolar vai arrancar em Santa Maria da Feira. Evitar dificuldades de aprendizagem e abrandar o número de casos que chegam ao 1.º ciclo são alguns dos objectivos.

A avaliação psicológica é o primeiro passo. Uma metodologia que servirá para identificar dificuldades de aprendizagem das crianças em idade pré-escolar, no sentido de intervir o mais precocemente possível e evitar atrasos de desenvolvimento dos mais pequenos. "Sorrisos felizes" é o nome do projecto-piloto que o pelouro da educação da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira vai implementar em três jardins-de-infância do concelho já a partir deste mês. Numa fase posterior, pretende-se que o programa se estenda aos 86 estabelecimentos do pré-escolar da rede pública do município.

Os objectivos são claros. Detectar casos de crianças com necessidades educativas especiais, dar-lhes a mão. Abrandar o número de situações que chegam ao 1.º ciclo do Ensino Básico sem a maturidade necessária e que poderão traduzir-se em futuras dificuldades de aprendizagem. Promover o sucesso escolar.

Há, no fundo, três razões principais que sustentam este projecto de prevenção, de intervenção precoce. Maximizar o potencial de desenvolvimento de cada criança, proporcionar apoio e assistência à família em momentos mais complicados, rentabilizar os benefícios sociais dos menores e respectivos agregados familiares.
 
Contrariar a manifestação de problemas de aprendizagem ou prevenir que eles aconteçam é um ponto de partida. O "Sorrisos felizes" intervirá junto de crianças, mas o seu trabalho é mais abrangente, uma vez que as famílias serão directamente envolvidas no processo. A intervenção precoce pode ter um papel importante nos pais e irmãos das crianças em risco.
 
"O stress acrescido pela presença de uma criança com necessidades educativas especiais pode afectar o bem-estar da família e interferir no desenvolvimento da própria criança", refere-se na descrição do projecto. "Estas famílias poderão ser mais susceptíveis de viver situações como, por exemplo, o divórcio e, de igual forma, estas crianças são mais susceptíveis a situações de abuso e negligência", acrescenta-se.
Uma equipa de psicólogos está preparada para ir para o terreno para a primeira etapa de avaliação, contando com a ajuda dos educadores dos jardins-de-infância. O trabalho implica a celebração de protocolos de colaboração com várias entidades, nomeadamente com um agrupamento de escolas, de forma a maximizar recursos e assegurar reencaminhamentos nas valências da terapia da fala, psicologia e terapia ocupacional. Detectados os casos, os técnicos direccionam a criança para o acompanhamento mais adequado, conforme cada situação.

"A intervenção precoce deve resultar no desenvolvimento de melhores atitudes parentais e deve proporcionar mais informações e melhores competências para lidar com a criança, incentivando a libertação de algum tempo para o descanso e lazer", defende-se no projecto municipal.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quero dar os parabéns por esta iniciativa e desejar que tudo corra pelo melhor. Penso, no entanto, ser fundamental clarificar os conceitos. Do meu ponto de vista, não podemos confundir necessidades educativas especiais com dificuldades de aprendizagem. Temos que saber muito bem o que queremos e quem temos para poder agir em conformidade. Força!