14 maio, 2010

declaração de demissão Rui Rio da Metro do Porto,

COMUNICAÇÃO
I)
1 – Nos últimos dias o meu nome apareceu na comunicação social, como  alguém que, enquanto administrador da Metro do Porto, tinha recebido  salários a que não tinha direito.
2 – A imagem dada para a opinião pública é, mais uma vez, uma imagem  de degradação moral e de oportunismo por parte de quem exerce cargos  políticos.
3 – É mais uma atitude irresponsável que, objectivamente, visa  desprestigiar o poder político em geral e o poder local em particular, atitude  para a qual eu não estou disponível.


II)
1 – O exercício do cargo de administrador da Metro do Porto, acarreta um  conjunto de responsabilidades que sempre estive pronto a assumir.
2 – Aceitei sempre o valor que, quem de direito, resolveu pagar pelas  responsabilidades assumidas pelos administradores não executivos e,  pessoalmente, procurei cumprir com toda a dedicação essa função.
3 – Quando, por força da alteração da lei, os autarcas deixaram de ter o  terço do seu vencimento base como limite máximo para o total das suas  acumulações e, por isso, me passaram a pagar o vencimento na totalidade,  tomei a iniciativa de solicitar à Sra. Presidente da Comissão de Fixação de  Remunerações da Metro a redução do meu vencimento por, pessoalmente,  o considerar excessivo.
4 – A Sra. Presidente - que foi indicada pelo Governo e pertence à IGF -  respondeu-me, em papel timbrado da mesma IGF que não lhe parecia  razoável fazê-lo, pelo que não me reduzia o vencimento.
5 – Ainda, assim, optei, de moto próprio, por reduzir a minha  remuneração e dei instruções à Metro para me processarem apenas o valor correspondente a um terço do meu salário de autarca, tal como acontecia antes da revogação da lei que impunha esse limite.
6 – Quando o Governo (Ministério das Finanças) decidiu que os autarcas passariam a não ter direito a qualquer compensação pelo exercício deste  cargo, continuei a desempenhar as mesmas funções e a assumir as  responsabilidades inerentes, a título totalmente gratuito.
7 – Quando o mesmo Governo (Ministério das Finanças) entendeu que, por  força das responsabilidades que tínhamos de assumir, deveríamos ser  obrigados a fazer um seguro, mostrei-me, também, disponível para o  absurdo; ou seja, pagar para trabalhar.
III)

1 – Só que, nos últimos dias, o Governo (Ministério das Finanças/IGF)  perdeu o sentido do ridículo. Entendeu que tudo isto era pouco e resolveu  ordenar a devolução dos salários que o seu próprio representante tinha  definido. Não contente com a atitude, resolveu dar disso notícia nos jornais.  Para este enxovalho público, é que eu já não estou disponível!
2 - Para que fique muito claro:
» Reduzi substancialmente e de moto próprio, o vencimento, que o  representante do Governo me fixou.
» Aceitei a demagogia de ter de trabalhar e assumir responsabilidades  totalmente de graça.
» Estive ainda disponível para aceitar o absurdo de ter de pagar para  trabalhar.
» Mas não estou disponível para ser enxovalhado por quem não tem sentido  de Estado e tudo lhe serve para fazer demagogia e denegrir quem exerce cargos públicos.
3 - Para mim, BASTA e, por isso, irei apresentar a minha demissão de  administrador da Metro do Porto.
Aceitei o cargo para trabalhar, inclusive de graça, mas não estou disponível  para que ponham publicamente em causa a minha dignidade e a minha  honorabilidade. Não me quero confundir com essa gente!
Assumir responsabilidades de graça, ter de pagar para trabalhar, e  ainda aparecer aos olhos da opinião pública como alguém que não teve  um comportamento correcto, ultrapassa os limites da seriedade e da  ética.
4 - Não é, aliás, a primeira vez que, no âmbito das funções que exerço no  Metro, procuram manchar o meu nome. Mais uma vez, passaram-se os  limites e, por isso, resolvi cortar o mal pela raiz. Ninguém me pode exigir  que assuma o papel de figurante numa opereta que desacredita a acção  política, e degrada ainda mais o regime dito democrático.
Fico, aliás, ainda mais livre, para na minha particular condição de Presidente da Junta Metropolitana, poder continuar a falar sobre o Metro,  sem que, de seguida, alguém lance nos jornais mais uma qualquer história a  propósito do meu “chorudo” lugar na sua administração, já que é essa a  mentalidade dominante.
5 – Enquanto Presidente da Câmara do Porto e da Junta Metropolitana,  continuarei a pugnar, por todos os meios ao meu alcance, para que este  importante projecto, venha ao encontro das necessidades das populações e  potencie o desenvolvimento da Cidade e da Região – mas não tenho que  estar permanentemente disponível para continuar a aturar este tipo de  episódios em torno do Metro do Porto.
6 - Portugal só poderá aspirar a ser um regime verdadeiramente  democrático quando os portugueses confiarem nos políticos que os  representam. Atitudes baixas como esta a que agora assistimos, não
contribuem para a dignificação do serviço público, e só ajudam a  descredibilizar ainda mais a pequenina classe política que vamos tendo.
Porto, 29 de Abril de 2010
Rui Rio

1 comentário:

Paulo Pinto disse...

Muito bem! Parece-me mais do que óbvio que os lugares na administração da Metro do Porto são apetecíveis para o Governo PS que está a fazer de tudo para tirar de lá os actuais administradores que não da sua cor política. Até aposto que se algum dia o conseguir haverá nova alteração da lei para fixar um salário bem chorudo para os novos administradores rosa!!
Haverá ainda alguma vergonha neste governo de vinganças e retaliações mesquinhas?