13 setembro, 2010

Educação por um País evoluído

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por Ana Maria Pereira
 
O século XX concretizou extraordinários avanços no campo científico e tecnológico, contudo, apenas uma ínfima minoria da população mundial tem acesso às riquezas e recursos do Planeta. Enquanto alguns vivem na opulência, muitos milhões vivem numa pobreza absoluta. 

Actualmente, há no mundo cerca de 870 milhões de analfabetos adultos, pelo menos 456 milhões de seres humanos padecem de fome e desnutrição e, todos os anos, vários milhões de crianças morrem de doença antes de completarem o 1º ano de vida. Entretanto o mundo continua a despender o equivalente a um milhão de dólares por minuto, não para melhorar a condição do homem, mas para fabricar armas destinadas a destruí-lo”. 
 
Em nenhum outro momento da história, foi tão essencial a cooperação para a coexistência de todos os seres humanos. Em qualquer parte do mundo o destino de cada um depende do dos outros. 

Existe no entanto, um abismo enorme entre o que se passa no mundo e o que se passa dentro das salas de aula. 

É absolutamente necessário preparar os jovens para as transformações, assim como para os desafios lançados pela ciência e tecnologia para que sonhem viver em sociedades multiculturais e tenham uma contribuição pessoal para a construção de uma sociedade melhor e mais pacífica. 

Sabendo que a cultura é um elemento fundamental da vida de cada indivíduo e de cada comunidade, e que, o homem como objecto da sua finalidade, possui uma dimensão cultural essencial e que conhecendo a alteração dos processos económicos, científicos e tecnológicos e as ameaças que pesam sobre o mundo moderno, em que são evidentes os desequilíbrios entre países, acrescido por novos riscos de destruição do homem e do seu ambiente, acentuação das desigualdades, uniformização dos modos de vida, degradação e até destruição de determinadas culturas e determinadas identidades culturais, por tudo isto segundo Picart (1988), o bem-estar, o progresso e a felicidade não podem ser conseguidos apenas do exterior e segundo projectos pré - estabelecidos e normalizadores que ignoram as características essenciais do meio natural e cultural, as necessidades, as aspirações e os valores mobilizadores das respectivas comunidades. 

As desigualdades, os desequilíbrios, a “infiltração” de novas culturas constituem uma amálgama de identidades culturais na mesma comunidade que convém respeitar e aceitar, veja-se o caso da França com a deportação dos ciganos, e o nosso concelho não foge a esta regra, para que a participação activa das várias populações nos projectos de desenvolvimento que lhe dizem respeito, jamais seja considerada como desejável mas sim como condição “ sine qua non “. 

A participação de todos na vida cultural é a tradução no plano dos valores, da participação de todos na vida pública e no desenvolvimento da sua comunidade. A consciencialização de que não poderá haver uma verdadeira democracia cultural sem o exercício dos direitos culturais. E se, a evolução dos modos de vida e os processos tecnológicos se expandiram, o mesmo não aconteceu com o acesso à arte e aos valores da cultura. No domínio educativo o alargamento e a participação na vida cultural requerem, como prioritário, o reforço da luta contra o analfabetismo, e analfabetismo não se restringe a não saber ler e escrever, e acções que promovam a democratização da educação e não o “baldismo” e a irresponsabilidade. E é neste âmbito que a Comunicação Social deveria dar uma atenção especial, provocando o diálogo interpessoal e intracomunitário. A Escola de hoje não é mais a do passado e para que isto seja verdade urge que os projectos sejam realistas e de acordo com as necessidades e não meras ideias que se concretizam no vazio passando a ideia, falsa, de que o sistema funciona. Conviria adequar métodos e programas de formação paralelos à educação formal com o fim de favorecer interacções entre educação, comunicação, acção cultural e desenvolvimento comunitário. 

Um país evoluído conhecesse pela saúde e pela educação que tem e não pelo cimento ou quilómetros de auto-estradas.

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