por Ana Maria Pereira
O século XX concretizou extraordinários avanços no campo científico e tecnológico, contudo, apenas uma ínfima minoria da população mundial tem acesso às riquezas e recursos do Planeta. Enquanto alguns vivem na opulência, muitos milhões vivem numa pobreza absoluta.
“ Actualmente, há no mundo cerca de 870 milhões de analfabetos adultos, pelo menos 456 milhões de seres humanos padecem de fome e desnutrição e, todos os anos, vários milhões de crianças morrem de doença antes de completarem o 1º ano de vida. Entretanto o mundo continua a despender o equivalente a um milhão de dólares por minuto, não para melhorar a condição do homem, mas para fabricar armas destinadas a destruí-lo”.
Em nenhum outro momento da história, foi tão essencial a cooperação para a coexistência de todos os seres humanos. Em qualquer parte do mundo o destino de cada um depende do dos outros.
Existe no entanto, um abismo enorme entre o que se passa no mundo e o que se passa dentro das salas de aula.
É absolutamente necessário preparar os jovens para as transformações, assim como para os desafios lançados pela ciência e tecnologia para que sonhem viver em sociedades multiculturais e tenham uma contribuição pessoal para a construção de uma sociedade melhor e mais pacífica.
Sabendo que a cultura é um elemento fundamental da vida de cada indivíduo e de cada comunidade, e que, o homem como objecto da sua finalidade, possui uma dimensão cultural essencial e que conhecendo a alteração dos processos económicos, científicos e tecnológicos e as ameaças que pesam sobre o mundo moderno, em que são evidentes os desequilíbrios entre países, acrescido por novos riscos de destruição do homem e do seu ambiente, acentuação das desigualdades, uniformização dos modos de vida, degradação e até destruição de determinadas culturas e determinadas identidades culturais, por tudo isto segundo Picart (1988), o bem-estar, o progresso e a felicidade não podem ser conseguidos apenas do exterior e segundo projectos pré - estabelecidos e normalizadores que ignoram as características essenciais do meio natural e cultural, as necessidades, as aspirações e os valores mobilizadores das respectivas comunidades.
As desigualdades, os desequilíbrios, a “infiltração” de novas culturas constituem uma amálgama de identidades culturais na mesma comunidade que convém respeitar e aceitar, veja-se o caso da França com a deportação dos ciganos, e o nosso concelho não foge a esta regra, para que a participação activa das várias populações nos projectos de desenvolvimento que lhe dizem respeito, jamais seja considerada como desejável mas sim como condição “ sine qua non “.
A participação de todos na vida cultural é a tradução no plano dos valores, da participação de todos na vida pública e no desenvolvimento da sua comunidade. A consciencialização de que não poderá haver uma verdadeira democracia cultural sem o exercício dos direitos culturais. E se, a evolução dos modos de vida e os processos tecnológicos se expandiram, o mesmo não aconteceu com o acesso à arte e aos valores da cultura. No domínio educativo o alargamento e a participação na vida cultural requerem, como prioritário, o reforço da luta contra o analfabetismo, e analfabetismo não se restringe a não saber ler e escrever, e acções que promovam a democratização da educação e não o “baldismo” e a irresponsabilidade. E é neste âmbito que a Comunicação Social deveria dar uma atenção especial, provocando o diálogo interpessoal e intracomunitário. A Escola de hoje não é mais a do passado e para que isto seja verdade urge que os projectos sejam realistas e de acordo com as necessidades e não meras ideias que se concretizam no vazio passando a ideia, falsa, de que o sistema funciona. Conviria adequar métodos e programas de formação paralelos à educação formal com o fim de favorecer interacções entre educação, comunicação, acção cultural e desenvolvimento comunitário.
Um país evoluído conhecesse pela saúde e pela educação que tem e não pelo cimento ou quilómetros de auto-estradas.
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