22 setembro, 2010

Suspender o Imaginarius!? NÃO, OBRIGADO!

O movimento “Contra a Suspensão do Imaginarius 2011”, recentemente criado através do Facebook, está indignado com a possibilidade  de suspensão da edição 2011 do Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira. Em apenas 48 horas, mais de 400 pessoas já se juntaram à causa.
 
O MAIOR FESTIVAL DE RUA DO PAÍS, UM DOS MAIORES DA EUROPA, foi recentemente colocado numa lista de eventos a suspender eventualmente no próximo ano, devido à crise financeira. Por motivos de dinâmicas culturais, impactos económicos para o concelho e manutenção da imagem de "Capital Nacional das Artes de Rua", acreditamos que Santa Maria da Feira não pode ficar indiferente às drásticas e despropositadas medidas que estão a ser equacionadas. 

Deste modo elaboramos um documento, que se anexa, com alguma informação histórica do festival, assim como propostas de sustentabilidade da edição 2011. 

Manifesto: Imaginarius em tempo de crise.

O movimento “Contra a Suspensão do Imaginarius 2011”, recentemente criado através do Facebook, está indignado com a possibilidade de suspensão da edição 2011 do festival Imaginarius. Em apenas 48 horas, mais de 400 pessoas já se juntaram à causa.

Pretendemos uma resposta concreta do actual executivo camarário quanto a esta questão, sendo que não poderemos estar de acordo com a suspensão de um projecto deste calibre.

Antes das sugestões para a manutenção do projecto, achamos por bem relembrar o percurso de vida do festival.

O Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira, nasceu em 2001, pelas mãos de Carlos Martins e com a figura de Alfredo Henriques sempre presente. Em apenas 3 anos a reputação do festival cresceu exponencialmente, de tal forma que o figurino foi revisto de forma a aumentar a coerência e interligação entre espectáculos. No mega Imaginarius 2003 (ano de transição de figurinos) algo correu ainda melhor. Na mira estava o EURO 2004, e a Feira aspirava atingir o patamar de coordenação do projecto de animação. O Imaginarius entrou na “guerra” com algumas dezenas de projectos concorrentes… e foi eleito. Sob o signo do Imaginarius nasceu a “Festa das Cidades”. Sob a marca Santa Maria da Feira o EURO 2004 conheceu grandes nomes das artes de rua e da música.

Amadeu Albergaria transformou-se no pai adoptivo do festival. A partir de então, o projecto especializou-se. A componente criativa cresceu de forma brutal. Há cinco anos começava a falar-se num centro de criação. Ao longo deste percurso criaram-se raízes, desenvolveram-se as polémicas típicas deste tipo de arte… excelente resultado. Santa Maria da Feira surge agora com a marca “Capital Nacional das Artes de Rua”.

Decide-se avançar com o CCTAR – Centro de Criação para o Teatro e Artes de Rua. A estrutura pensada para o antigo matadouro municipal entrou num concurso de ideias e “aterrou” na Pedreira das Penas.

Amadeu Albergaria ruma a Lisboa e o Imaginarius tem pela primeira vez uma mãe. Cristina Tenreiro assume as hostes, com a figura de Alfredo Henriques ainda presente.

A crise aperta. O Imaginarius aperta o cinto. A última edição foi low-cost e deu bem menos nas vistas. Até aqui nada de problemático. Há que se ajustar à situação económica.

A crise continua a apertar… o CCTAR muda o conceito de edifício e liberta a pedreira. O Imaginarius está com a “corda na garganta”. A actual proposta pondera a suspensão da edição 2011 do festival.

O actual executivo está prestes a criar um drama cultural na cidade feirense. A suspensão poderá ditar a MORTE de um dos MAIORES FESTIVAIS DE RUA DA EUROPA, com enorme reconhecimento internacional. Pelo Imaginarius já passaram nomes como La Fura dels Baus, Spencer Tunick, Manoel de Oliveira, Oiviero Toscani, Joana Vasconcelos, Zenildo Barreto, Royal de Luxe, Titanick, Dario Fo, José Saramago, Plasticiens Volants, Generik Vapeur, Walk the Plank, Transe Express, Metalovoice, Strange Fruit, Improbable Theatre, Markeliñe, Leo Bassi, La Salamandre, Groupe F, Gran Reyneta, Antagon, Cacahuete, Doedel, Kumulus, Ilotopie, Grupo Puja!, Voalá e Les Commandos Percu.

O desenvolvimento de criações originais reforçou a componente criativa e desenvolveu dinâmicas ao longo de todo o ano.

A suspensão de uma ou mais edições do festival terá como primeiro impacto a paragem quase total desta actividade. A “Geração Imaginarius” ficará gravemente ferida, sem que a cura esteja à vista. A médio prazo, um interregno poderá mesmo ditar a MORTE do projecto e do slogan em terras feirenses.

Por outro lado, alguns agentes económicos da cidade já demonstraram a sua preocupação pela perda de negócio neste período, assim como das repercussões a médio prazo.

O movimento “Contra a Suspensão do Imaginarius 2011” não acredita no que está em cima da mesa. Não conseguimos sequer imaginar esta possibilidade.

Ao actual executivo, que continua sob alçada de Alfredo Henriques, solicitamos: 

- NÃO MATEM O IMAGINARIUS, VOSSO FILHO;

- NÃO QUEIRAM FERIR DE MORTE TODA UMA GERAÇÃO QUE CRESCEU PARA A CULTURA SOB A MARCA IMAGINARIUS;

- NÃO TENTEM RETIRAR A FEIRA DO MAPA DA CULTURA NACIONAL.

Ainda vamos a tempo! QUERMOS O IMAGINARIUS EM 2011 E SEMPRE, para tal deixamos uma vasta lista de sugestões de forma a avançar para uma edição ainda mais low-cost e com perspectivas de criação de receita.

Suspender o Imaginarius!? NÃO, OBRIGADO!

Propostas para o Imaginarius 2011:

- Redução temporária do Festival a 2 dias (Início ao final na tarde de sexta-feira e término na madrugada de Sábado).
- Forte aposta na sponsorização!
- Criação de área de bares/refeições ligeiras e merchandising: “Espaço Imaginarius”.
- Total ausência de bancadas e redução, ao máximo, de outras estruturas de apoio.
- Reforço do programa “MAIS Imaginarius”, pela sua componente de baixo custo e interacção entre artistas.
- Minimização da presença estrangeira, com apenas um macro-espectáculo de encerramento e dois espectáculos de maior dimensão no final de cada noite (eventualmente companhias portuguesas poderão fazê-lo: ex. Teatro do Mar).
- Aposta na animação de rua, sem o conceito típico de espectáculo.
- Aposta na criação local com minimização de custos, através da coordenação e partilha de equipamentos e estruturas, via CCTAR.
- Centralização total de espectáculos (temporariamente), de forma a evitar o efeito de dispersão, com consequências negativas no impacto para o público e na multiplicação de equipamento de ordem técnica.
- Evitar os espectáculos gratuitos de acesso limitado, pela “agitação” que provocam no público, com as consequências que daí advêm para a imagem do festival.
- Regresso de espectáculos, de qualidade reconhecida, com entrada paga, à semelhança do que aconteceu em 2003 e 2009, com grande sucesso.
- Dinamização da tarde de sexta-feira com o “Imaginarius das Escolas” (espectáculos de crianças para crianças).
- Manter o afastamento dos projectos pirotécnicos até melhores dias.
- Aposta no pós-Imaginarius. Convidar os bares do concelho a animar praças e ruas com música e pequenas performances, nas madrugadas do festival. Cativar receitas e promover envolvimento e satisfação dos visitantes, assim como, a captação de novos públicos.

Santa Maria da Feira, 22 de Setembro de 2010

 movimento “Contra a Suspensão do Imaginarius 2011”

6 comentários:

Anónimo disse...

Como no facebook "GOSTO"

Anónimo disse...

bem... há gostos para tudo... contudo, sejamos realistas... o imaginarius é um evento dispendioso!!
não faz sentido a camara, com a conjuntura economica que tem, manter este evento...

assim como tambem sou a favor que a Viagem medieval, sofra grandes alterações...

vejamos por exemplo, o movimento associativo, que se tem visto a braços com graves problemas financeiros, vê agora tambem, a camara cortar apoios em tudo que pode...


em quê que o imaginarius é mais digno ou merecedor de apoios, do que o folclore?

pensem... se gostam de teatro de rua... unam-se... criem um centro de artes que pelo que sei até já existe projecto para edificio sede e tudo!!

a camara... por muito que se diga, não deve nem pode intervir em tudo.... e se o futebol tem de manter as suas equipas a funcionar por meios proprios... se os grupos de folclore têm de quase sozinhos, conseguir levar a cabo os seus festivais, etc.... voces, gentes do teatro.. ponham maos à obra... e façam como todos os outros....

por voces trabalhem e atijam objectivos!! não esperem que a camara faça tudo..... não é sequer função duma camara....

Fábio Pinto

Bruno Costa disse...

Bom dia Fábio,

não é função de uma Câmara conceber projectos de artes de rua, formar companhias, organizar espectáculos. Mas é função de uma Câmara divulgar a imagem do concelho... pois bem, Santa Maria da Feira é hoje reconhecida como a Capital Nacional das Artes de Rua, à custa da sua capacidade criativa e em especial do Imaginarius.
Neste contexto, como pode a autarquia por-se de fora? Além de que a marca Imaginarius é da Câmara feirense, criadora do projecto.

Quanto ao folclore a situação é a mesma... a Câmara não gere os grupos (como não gere as companhias de teatro) mas investe nos festivais, de outra forma não se puderiam realizar. A questão diferencia-se, na medida em que festivais de folclore há milhentos (os apoios dissipam-se e diluem-se) enquanto festivais de rua temos apenas um.

Cumprimentos,

Bruno Costa

Marco Gonçalves disse...

O que eu considero no meio disto tudo é que toda a gente quer ter as coisas e ver, de preferência gratuitamente. E que tal cobrar uma entrada geral para os espectáculos. Se for um valor simbólico dava para pelo menos uma parte das despesas. Toda a gente que vai ver um jogo de futebol entra com um bilhete bem caro. Está na hora de se pagar pelo que se consome, incluindo a cultura.

Bruno Costa disse...

Marco, a cobrança de entrada, pelo menos em alguns espectáculos, é uma das propostas do movimento para gerar receita no festival.
Não será certamente possível cobrar entrada em tudo, até porque implicaria outro tipo de gastos (vedação) que a receita não justificaria, mas no meu entender será uma forma muito prática e que reunirá consenso na sua eventual aplicação.

PN72 disse...

Sobre a suspensão do IMAGINARIUS já muita coisa e tem dito... mas parece-me que ninguém está a querer ver a questão pelo seu ponto fulcral... que é a questão da dinâmica e sinergias em termos de política cultural!
Todos os feirenses sabem quem foi o criador do Festival Internacional de Teatro de Rua... sabem que não foi Alfredo Henriques, não foi a Cãmara Municipal, não foi Amadeu Albergaria e muito menos a actual Vereadora Cristina Tenreiro! O "visionário" (para muitos tido como gastador do erário público) foi Carlos Martins, que com este projecto cultural estava a procurar colocar Santa Maria da Feira no itireráio ds grandes eventos culturais de teatro de rua a nível ibérico e europeu. Na cabeça deste senhor imperava a ideia de que esta "terrinha" podia centralizar toda a dinâmca cultural gerada pela produção de peças de teatro e artes de rua. Ele já idealizava, enquanto Vereador da Cultura, a criação de uma estrutura permanente para o teatro de rua. Uma estrutura que apostasse nos agentes culturaia locais e lhes dese condições para "crescer e desenvolver" na apresentaão de projectos ligados a este tipo de teatro. Lendo as entrvistas que Carlos Martins deu na altura, é fácil perceber que, o IMAGINARIUS, enquanto projecto, nos primeiros dez anos seria para a sua afirmação, depois, a nível de evento, teria de ser reconfigurado. passando por eta transformação a forte possibilidade de vir a ser transformado numa bienal de teatro de rua. Ou seja num projecto que iria ter a sua apresentação pública de dois em dois anos, com programações fortes, onde os agentes locais também teriam a sua importância.
Quando a Câmara anuncia a sua suspensão por razões de ordem financeira, demonstra e confirma aquilo que os feirenses mais atento a estas questões da Cultura, há muito que vêm suspeitando... Não há política cultural em Santa Mariada Feira! Todos os vereadores que sucederam a Carlos Martins no Pelouro da Cultura, nenhum foi capaz de delinear uma estratégia cultural para o desenvolvimento de uma política sustentada que partisse dos eventos para a dinamizção local, visando a sustentabilidade de projectos deste tipo. O que tem vindo a ser feito é... viver à sombra do passado... de eventos e projectos que foram criados por outros, nada trazendo de novo... O Presidente da Câmara, Alfredo Henriques, apenas está preocupado com a situação financeira... não fosse este o seu último mandato! Quanto à visão estratégica, que muitos dizem que este senhor possui, comça-se agora a perceber que tal não passa de um mito! Pois em mais de vinte anos de poder ela nunca se revelou importante, se não o concelho não estaria nas condições carenciadas em que está. Se tivesse visão estratégica, o concelho já teria água e saneamento há muito tempo, o concelho já teria uma casa(centro) condigna de espectáculos, o concelhonunca teria deixado fugir a indústria da cortiça e saberia como capitalizar para Santa Maria da Feira investimentos como o alargamento da EXPONOR... Na Cultura, Alfredo Henriques esteve sempre no grau abaixo de zero.. Só lhe deu alguma importância com Carlos Martins no Pelouro da Cultura... mas por pouco tempo... que este"senhor" estava a incomodar muita gente!
Por isso, meus amigos, a notícia da suspensão, não é assim tão estranha quanto parece... é pena é que não seja reflectida e consonante com uma política cultural concelhia... o concelho está pleno de potencialidade para a levar a efeito. Haja vontade!