14 novembro, 2010

Sanguêdo a saque?! (parte IV) (correio dos leitores)

...de uma leitora do kl: 

image Sendo eu sanguedense e tendo lido toda a polémica em volta da minha freguesia creio que tenho o direito de me manifestar acerca da discussão implementada. Em primeiro lugar quero desde já esclerecer que concordo plenamente com os panfletos que circularam pela freguesia. Só soube deles há cerca de uma semana atrás, mas devo dizer que estes assentam que nem uma luva na minha opinião. Quero também dizer que entendo o facto de quem os espalhou querer permanecer anónimo. Afinal de contas, todos nós sanguedenses, já necessitamos ou poderemos necessitar no futuro de algo do centro social. Quero também dizer que foi uma pessoa de extrema coragem, pois conseguiu por para o papel aquilo que muitos de nós pensámos.

Quero esclarecer que não sou racista, não tenho nada contra a etnia cigana, assim como não tenho nada a favor. Contudo, temos que admitir que a população cigana em Sanguedo cresceu exponencialmente nestes últimos anos, e ameaça crescer ainda mais. Por essa razão vejo-me obrigada a dizer: MAIS CIGANOS EM SANGUEDO, NÃO OBRIGADO! 

É verdade que a junta de freguesia tem responsabilidades para com os seus habitantes, e como é óbvio, tem de ser chamada a, no mínimo, dar a sua opinião quanto à vinda de mais ciganos para a freguesia. Se tem ou não poder para impedir que estes venham, já não tenho a certeza, mas é claro que podem sempre tomar medidas para evitar que isso aconteça. Uma das coisas que não percebo, é por que é que a junta ainda não tomou medidas junto das autoridades competentes para alertar para a falta de condições das casas que têm sido alugadas (a ciganos e não só). Nós, “portugueses normais”, quando construímos uma casa somos obrigados a ter um certificado de habitabilidade. Caso contrário, não podemos viver na casa e muito menos aluga-la. Sendo que os ciganos vivem dos subsídios, que lhes permitem alugar as casas, não deveria a segurança social exigir-lhes que cumpram as mesmas leis que nós? E não deveria ser a junta a pensar e alertar para estas irregularidades no aluguer de casas e terrenos onde habitam os ciganos? 

Outro dos “lesados” nesta história é o CASTIIS e a sua directora. Creio que a razão pela qual é referida a Sra Madalena Malta no texto ao invés da instituição CASTIIS é óbvia. Contudo, para mentes menos elucidadas eu explico o meu raciocínio: em primeiro lugar a Sra Madalena ocupa o lugar de directora da instituição, sendo por isso, o rosto visível desta. Em segundo lugar, e desde que tenho memória, a Sra Madalena ocupa e sempre ocupou (oficial ou oficiosamente) o lugar de directora do CASTIIS, sendo ela quem decide verdadeiramente o destino da instituição. Para muitos isto pode não causar estranheza, mas sendo o Castiis uma IPSS, a direcção deveria mudar. 

Tenho lido muitos textos, alguns inclusive de pessoas ligadas ao Castiis, nomeadamente da Sra Madalena, a pedir aos sanguedenses que procurem o verdadeiro culpado da vinda dos ciganos, o Sr. Carvalho. Mesmo após ter lido todos esses apelos não deixo de concordar com o que dizia nos panfletos. É verdade que o que este Sr. faz não é correcto e ajuda à permanência dos ciganos na nossa freguesia, contudo, ele não é o primeiro responsável da vinda e permanência dos ciganos por cá. O Castiis, com os seus projectos com direito a fundos monetários, promoveu a integração dos ciganos na nossa freguesia. Promoveu não só a sua escolarização infantil, como também cursos (não necessariamente de alfabetização) para ciganos adultos com direito a financiamento. Ora, como toda a gente sabe, os ciganos têm muitos “primos” e “tios”, e todos eles se dão bem. Promover o seu acesso a financiamentos em vez de a trabalho efectivo, só poderia resultar na noticia espalhada na comunidade cigana do EL Dorado Sanguedense , onde existiria uma instituição disposta a dar-lhes guarida paga a troca de fundos. Esta é a verdadeira razão vinda dos ciganos para Sanguedo. Culpar quem aluga as casas é como atirar a pedra, esconder a mão, e culpar que levou com ela de estar no sítio onde estava. 

Alem disso, li também que o projecto progride tinha o objectivo de promover a escolarização infantil da comunidade cigana. Este é um objectivo com o qual eu acho que todos os sanguedenses, para não dizer portugueses concordam. O único senão é o facto de essa escolarização ter sido feita apenas nas escolas de Sanguedo. Não há ciganos nas escolas de Fiães, Lobão,etc, mas porquê???? Deixem-me dizer que eu acho que este projecto para integração da comunidade cigana foi um extremo fracasso. Não houve integração, houve foi um aglomerado de crianças ciganas que começaram a frequentar a escola (e logo a de Sanguedo) para que os pais pudessem ter acesso a rendimento! Surge ainda outra questão: a escolarização inicia-se no ensino pré primário. Eu entendo que sendo o colégio Sta Eulalia privado, e tivesse aberto só este ano, não tivesse lógica acolher os ciganos. Mas porque é os ciganos, ou pelo menos alguns ciganos, não frequentam o ensino pré-primário nas instalações do Castiis? Para quem não sabe existe uma sala de ensino pré-primario publica que é constituída praticamente só por crianças de etnia cigana. A Sra Madalena deve saber, visto que elas almoçam no Castiis junto com as crianças da escola primária. Outra das questões que eu tenho que colocar é por que é que pegaram nessas crianças e as levaram para programas de televisão a anunciar a boa evolução da sua integração? E quando o fizeram por que é que não referiram que estas estavam no ensino publico e não no Castiis e numa sala quase exclusivamente para elas? 

No panfleto referiam-se também as crianças do CAT. Já li alguns comentários que diziam “coitadas delas” Pois bem, eu não podia estar mais de acordo: coitadas delas. 

Creio que são crianças problemáticas apesar de concordar que não serão as únicas crianças problemáticas a frequentar a escola. Há filhos de muita boa gente que também arranja problemas na escola. Sabe-se lá o que o meu filho faz quando não estou por perto…. Contudo estas crianças são problemáticas pelo seu percurso de vida não tão bom. A única coisa que posso referir é: coitadas delas. Em primeiro lugar coitadas por não ter pais capazes. Em segundo coitadas por viverem institucionalizadas. E em terceiro coitadas porque, apesar de viverem numa casa com imensas condições físicas, não o vivem no que deveriam chamar de “família”. O que eu quero dizer é que o objectivo destas casas é o de se aproximar o mais possível de uma família. Outras instituições do país na tentativa de o conseguir iniciaram programas que permitiriam às crianças associarem-se a uma família, com quem passariam o fim-de-semana, ferias, etc. No CAT de Sanguedo quer-se dizer que se faz o mesmo, mas isso é uma grande mentira. O que acontece é que as crianças são “empurradas” para a casa de quem as aceitar, sendo muitas vezes as funcionárias do castiis, numa espécie de voluntariado forçado, a leva-las para casa delas. Isto não faz com que as crianças se ambientem numa família. Cria sim uma espécie de mendigação por acolhimento, para que não passem o fim-de-semana no CAT. Outra coisa que eu não percebo é que se elas são criadas como família deveriam passar as festividades como família, na casa que é deles (à excepção de quem vai para os pais verdadeiros ou quem tem realmente a sorte de ter uma só família a apadrinha-los). Qual será a pior coisa do que passar o natal, uma festa de família, em casa de gente que poucas vezes vê? 

Outros dos pontos acerca do Cat que tenho que questionar é o porque é que estes não frequentam o colégio santa Eulália? Estando eles sob a tutela do castiis, e querendo a Sra Madelena tão bem para estas crianças como anuncia, porque é que não lhes permite o acesso a uma educação melhor como a que se anuncia no colégio Sta Eulália? Eu não acredito que seja por falta de vagas na escola. E também não me digam que é por ser privado. Porque se é privado deve dar lucro, e qual é a ideia? As crianças do CAT podem beneficiar do lucro obtido pela escola, mas não podem ter acesso às mesmas condições que as crianças ricas que a frequentam? Tem lógica frequentarem o colégio visto que os professores já lá estão, logo seria aproveitar os recursos que já existem para dar a melhor educação possível às crianças que estão sob a alçada do Casttis.
Por ultimo: o castiis, essa grande instituição! Tenho a dizer que concordo com tudo o que foi dito acerca do castiis ser uma grande instituição, de referência na freguesia e que a Sra Madalena fez um excelente trabalho. Contudo, poder-se-á dizer que o castiis está ao serviço da freguesia como deveriam estar os centros sociais? Parece mais que o castiis é gerido como se fosse uma instituição privada.

6 comentários:

ANTONIO SOUSA disse...

Quero dar os parabéns à autora deste artigo. De facto esta senhora Madalena tem o Rei na Barriga, porque a maior parte do trabalho desta instituição financiada com o dinheiro dos nossos impostos é show off.
Eu próprio fiquei chocado quando há algum tempo assisti à necessidade de uma prestação de serviços do CASTIIS, e essa senhora Madalena questionou os familiares de uma pessoa idosa por valores, terrenos e dinheiro! um escândalo! Já se sabia que iria arranjar desculpas e mil e um pretextos para que essa resposta social não se concretizasse e que culminou com o abandono de uma pessoa idosa e em péssimas condições de saúde num Hospital de grande envergadura...não permitindo o seu regresso à instituição.

Marco disse...

Quero ver o que realmente vão dizer no dia em que precisarem da instituição...
Só pode falar assim quem desconhece COMPLETAMENTE os intuitos, fundamentos, e dificuldades por que passa uma grande instituição empregadora numa freguesia impregnada de mesquinhez, invejas e parca inteligência.
É demasiado triste ver-vos aqui a questionar a integridade de pessoas que fazem todos os dias tanto por vocês, e no dia seguinte vão tocar à campaínha da "Sra. Madalena" mendigar um empregozinho para a filha ou para o sobrinho.
Haja respeito, decência e vergonha.

Anónimo disse...

Da Direcção do CASTIIS:

Mesmo considerando não dever alimentar este sitio do “Mal Dizer e Nada Fazer” vamos dar mais um esclarecimento / comentário a esta pretensa leitora, que mais uma vez não se quer identificar, mas que verificamos sentir-se suficientemente competente para avaliar a maior parte das áreas de trabalho da Instituição. Desta forma, fazemos-lhe desde já o convite para apresentar o seu Currículo, para que, a curto prazo, possa assumir os mais altos cargos dirigentes e de coordenação da Instituição, pois não podemos perder tão grande potencial que parece estar por aproveitar.

Lamentamos, no entanto, que até este momento não se tenha tornado associada desta Instituição, pois já poderia estar a dirigir ou a sugerir as mudanças a que se refere.

A forma cobarde como se dignou dirigir-se aos Técnicos da Instituição e, em especial, à sua Directora Técnica e Pedagógica, Dra. Madalena Malta, é lamentável, porquanto a mesma, desempenha essa função desde a entrada em funcionamento da instituição, primeiro em regime de voluntariado, e desde 2002, como funcionária da mesma, e cujo trabalho tem sido apreciado e premiado por vários organismos públicos, privados, nacionais e internacionais.

1º Quanto à invasão de ciganos e estrangeiros, enviamos carta à Câmara e à Junta de freguesia, em 2009, a solicitar um plano de acção para impedir que tal facto acontecesse.

2º Dos programas comunitários criados para a integração das comunidades ciganas, a Instituição só trabalhou com a comunidade da Baralha, cujos programas terminaram em Maio de 2010.

3º Pelo que sabemos, frequentam as escolas de Sanguêdo maioritariamente alunos residentes em Sanguêdo e, pela informação da comissão de pais, os ciganos são tão problemáticos como as restantes crianças.

4º Na referência às crianças e jovens do CAT, não lhe reconhecemos qualquer competência nem conhecimento desta realidade para opinar “bacoradas”, pois toda a vida destas crianças é gerida com planos de desenvolvimento individuais, aprovados pela segurança social em reuniões mensais e acompanhados por técnicos competentes.

5º O CASTIIS sempre esteve e estará ao serviço da comunidade, respeitando inteiramente a legislação da segurança social, no que concerne a atribuição de subsídios e ajudas, não perdendo de vista a obrigação de gerir equilibradamente a sua sustentabilidade financeira que permita assumir a responsabilidade perante os cerca de 60 funcionários da Instituição.

6º O primeiro comentador do artigo pode contactar qualquer membro da direcção, que está interessada em esclarecer as acusações, para verificar a veracidade das mesmas, pois desde que haja vaga no LAR nunca foi rejeitada qualquer pessoa.
Mas àquilo que este “mal dizente gratuito” chama escândalo, parece-nos ser o direito que assiste à Instituição de cobrar a comparticipação dos utentes que têm possibilidade de pagar, pois quando não têm possibilidade de pagar qualquer valor, é a Segurança Social que tem autonomia e faz a gestão de 5 lugares no nosso lar de acordo com legislação em vigor.

A Direcção
Presidente – Justino Fontes Silva
Vice-presidente – Alberto Oliveira Malta
Secretario – Justino de Oliveira Fontes Costa
Tesoureiro – Joaquim Francisco Nogueira Tavares
Vogal – José Paulo Oliveira Tavares.

Anónimo disse...

talvez pela mendigação do dito empregozinho para a filha ou para o sobrinho é que as coisas chegaram onde chegaram e as pessoas "tomaram posse" daquilo que não é delas.....
Convenhamos que uma instituição publica (e não só) deverá escolher os seus funcionários pelas suas qualificações e habilitações.
A custa do famoso "factor cunha" é que as pessoas ficam com o rabo preso tendo depois que aguentar com as consequencias e acenar com a cabeça mesmo que não concordem...
Não terá sido isso que originou o abuso de poder?

Anónimo disse...

Sou uma colaboradora do Castiis e entrei por mérito. Passei por tres entrevistas. Nesta casa não existe o tal factor que só conhece quem não é competente para passar em filtros rigorosos, como os do Castiis. Ofendeste-me. Ainda bem que nâo sei quem és. Bem merecias que te apertasse o pescoço.Nesta casa trabalha uma grande equipa. Somos a instituição do ano 2010, selecionada por consultores rigorosos. Não é com gente escolhida sem controlo que se consegue este mérito que é da equipa e reconhecidamente da nossa directora. Com essa atitude, nunca serias minha diretora. Entravas por uma porta e eu saía por outra.
Abuso de poder? é mesmo esse que estás a ter, o de falar completamente à sorte e com uma maldade que te devia assustar. Pessoas como tu, devem estar bem longe da nossa equipa.

Sofia Sá disse...

Aborrece-me terminantemente saber que pessoas mal formadas blasfemem sobre assuntos dos quais nada sabem. O CASTIIS é das entidades patronais mais exigentes que conheço, no que se refere ao recrutamento e selecção de colaboradores. Por experiência própria posso referir que o processo é moroso e extremamente rigoroso, sendo que eu própria tive de transpor três entrevistas, uma prova escrita e um teste psicotécnico.
Como actual gestora dos Recursos Humanos posso falar ainda com maior segurança e conhecimento dessa mesma prática, confirmando que os trâmites associados à contratação de um novo colaborador são tratados com o máximo de profissionalismo.
Sinto tristeza, e inclusive pena, de todas as pessoas que falam por inveja ou por maldade sobre assuntos tão sérios. Acusar uma instituição de uma prática deste âmbito, quando na realidade tal acusação não se pratica, só poderá estar associado a pessoas que carecem de perspicácia e de uma certa finura.