03 janeiro, 2011

Assembleia Municipal – cdu (2)

Declaração de Voto sobre a moção do CDS
 
Ao ler a data de 25 de Novembro, pensei que um laivo de racionalidade e humanismo houvera chegado ao CDS no assinalar do Dia Internacional para a Erradicação da Violência sobre as Mulheres. Cedo desfiz o engano e com pesar e lamento, leio as palavras reaccionárias e confusas de alguém que ainda tem muito para aprender com a Democracia e a História do povo português.
Como dizia Ary, o poeta revolucionário, para muitos, e para o CDS, o regime democrático não passa de um baile de tartufos onde se passeia a burguesia, muita dela entalada ainda com a liberdade conquistada. Assim, não perderei muito tempo com explicações. Elas são a nossa História. Apenas deixo as palavras de Álvaro Cunhal, retiradas da brochura “Se fores preso camarada”, sobre as torturas que muitos comunistas, socialistas e democratas sofreram para que hoje se tenha a veleidade de afirmar o indizível.

“Para obter declarações, a policia maltrata os presos. muitos camaradas nossos foram selvaticamente torturados: 

com espancamentos brutais durante horas e horas a cavalo-marinho e com grossas tábuas, apertos de testículos, queimaduras com faíscas eléctricas e com cigarros, pancadas brutais nas plantas dos pés descalços, etc. 

(...) as mulheres já não são poupadas às brutalidades e algumas têm sido despidas e chicoteadas pelos bandidos da pide. 

Os nomes dos mártires resistem ao tempo e ficam na lembrança das classes trabalhadoras e dos comunistas como faróis a guiar o seu comportamento: 

Bento Gonçalves 

Militão Ribeiro 

Alfredo Dinis 

Alfredo Caldeira 

José Moreira 

José Dias coelho 

Ferreira Marquês 

Germano Vidigal 

Vieira Tomé 

Augusto Martins” 

Sofia Ferreira e tantos outros camaradas, entre os quais o nosso Ferreira Soares. 

O programa governativo de emergência do Governo Nacional Democrático Provisório, no seu comunicado ao povo português estabelecia como prioridades: 

“1 – Destruição completa do Estado Fascista Português 

2 – Estabelecimento duma ordem democrática em Portugal 

3 – Possibilidade (para o povo português) de escolher, em eleições verdadeiramente livres, os seus governantes” 

4 – Tornar Portugal uma nação militante da grande coligação mundial antifascista”.
As liberdades e a Constituição ainda estão por cumprir para milhares de portugueses. Talvez seja essa a espinha na garganta do CDS. Uma lei fundamental que garante os direitos e as liberdades mais básicas a todos e todas, para um partido que não descansa enquanto estas não forem de alguns.

Mais do que o voto contra, esta moção merece o nosso repúdio veemente em nome de todos os que lutaram e lutam por uma sociedade justa, democrática e livre.

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