02 outubro, 2011

Casa dos segredos – versão “Xuxinha”

image Na última assembleia municipal, o “xuxinha” Marco Jesus, apresentou a sua “casas dos segredos”! 

Estreou num canal televisivo há bem pouco tempo um “reality show” que promete dar muito falatório na populaça. Numa altura em que escolher entre, de um lado, a realidade dos telejornais, onde são expostos os ataques consecutivos aos direitos adquiridos pela plebe assim como a insensibilidade, a desorientação e a trapalhice resultante da inexperiência do actual governo e, de outro lado, a realidade virtual bem festiva deste tipo de programas, é fácil de perceber o sucesso destas.

O programa conhecido pelo nome de “casa dos segredos” consiste, pelo que sei, em descobrir sucessivamente os vários segredos bem guardados dos concorrentes. A Câmara Municipal da Feira, bem ciente do interesse que este tipo de programas recolhe junto dos portugueses e nomeadamente dos feirenses e na senda do que nos vem habituando ao longo dos anos, uma actuação inovadora, aberta e ambiciosa, não quis ficar atrás e vai daí criou a sua própria casa dos segredos. 

Ora, esta casa dos segredos, entendam, claro, num sentido figurado, era conhecida até então como casa da justiça, ou para alguns, o Tribunal da Feira, acabou há uns dias de ver um segredo desvendado. Guardado a sete chaves, este segredo demorou quase 4 anos para ser conhecido. Afinal a “casa dos segredos” é segundo o Sr. Presidente da Câmara recuperável. À boa maneira de um trama do mestre Hitchcock, o enredo da casa da justiça do concelho conheceu, então, novos contornos. O efeito surpresa, característico nas obras do conhecido realizador, acompanha manifestamente, desde o início, todo este processo. 

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Muitos se perguntaram, desde logo, como seria possível que um edifício construído em 1991, cujos trabalhos de conclusão da obra foram da responsabilidade da Câmara Municipal que terminaria, como é sabido, com uma derrapagem de custos na ordem dos 600%, detectada pelo Tribunal de Conta, apresentasse tamanhas deficiências e uns, em surdina, outros em alta voz, condenaram e condenam tamanha desfaçatez denunciando a má condução de todo este processo e os seus custos para erário público. O que ainda podemos retirar de tudo isto, conhecido o último segredo, é que os Srs. Engenheiros, técnicos e demais peritos não aparentam ter muita consideração pelo nosso Presidente da Câmara. Malvados sejam. As oscilações dos ditos, obrigaram o Sr. Presidente da Câmara a passar de uma posição onde dizia, em 2008 que, perante as deficiências estruturais do Tribunal, o seu encerramento pecava por tardia, e aqui, porventura, não seria estranho o facto de o país ter um governo socialista à cabeça, para uma posição onde diz que considera um erro demolir o edifício. 

Eu diria que a instabilidade de todos estes responsáveis, desde a Câmara aos senhores engenheiros, parece ainda maior que propriamente os alicerces da casa dos segredos. Não excluo de todo a sua má-disposição para com estes fidalgos. Afinal, é também a sua credibilidade política que corre perigo de derrocada. 

Seja como for, o Sr. Presidente da Câmara, apesar de tudo, e de certo modo, deveria estar satisfeito. È que, com este ultimo segredo desvendado poderá ter encontrado a boa justificação para o facto de ainda não ter procedido à demolição do edifício e sobretudo, desculpá-lo de ter deixado que durante mais de três anos aquele espaço se tenha tornado num antro de delinquência e marginalidade, fazendo com que aquela zona da cidade se tornasse numa zona insegura e pouco recomendável. 

Ora, na sequência desta ultima novidade, Sr. Presidente, gostaríamos que esta Assembleia fosse uma espécie de “cenas dos próximos capítulos” e que V/Ex. desvendasse mais alguns segredos. 

Desses segredos, falamos, obviamente, do futuro do Palácio. Assim, pergunto: O que pretende para o edifício? A demolição será, ainda assim a solução final, ou a sua requalificação é possível? Tendo a tutela do edifício sido transferida do Ministério da Justiça para a Câmara Municipal, com a incumbência de o demolir, diga-se, haverá lugar agora ao regresso do imóvel às suas origens? E o mesmo irá realojar novamente o tribunal? Por outro lado, caso o edifício se mantenha na autarquia, a ponderação entre o custo de recuperá-lo e do demolir está a ser equacionado? E qual o destino que a Câmara quer ver atribuído a esse espaço? Em todo o caso espero não ouvi-lo dizer, com todo o respeito, que…o segredo é a alma do negócio!

1 comentário:

Anónimo disse...

O caso do tribunal é surreal. Sempre quando vejo a série americana "Fringe" tenho um déjà-vu. Parece que da Feira existe também uma versão alternativa num universo paralelo .. com um saneamento existente deste dos anos 70, um Alfredo alternative ...