12 abril, 2012

Exemplar, lavradores made in China

image As lojas dos chinócas estão espalhadas por todos os cantos e recantos do nosso Portugal, numa invasão comercial que me deixa assarapantado e com uma interrogação a bailar-me nos neurónios: mas isto dá para todos? . A título de exemplo, só em Canedo são 4 ou cinco, nem sei bem.

Adiante que atrás bem gente e é dos mesmos que vou falar. À interrogação segue-se o espanto e já agora a admiração por este povo vindo lá dos confins do Oriente.

Confinados a outra terra, olhem os que eles fazem à terra. É um exemplo comezinho, é, mas também é destas coisas pequeninas que se faz um povo grande. Foram estes mesmos que construíram a Grande Muralha. A história chinesa está prenhe de exemplos tão díspares como estes.

Trabalho numa zona industrial onde a onda amarela também já chegou. É uma espécie de mini-chinatownimage com dois enormes pavilhões onde se vendem só produtos chineses. Os proprietários são-no. Se antes se dizia de uma loja bem recheada, “que tinha de tudo como na farmácia”. O que dizer destas?

Eu é que me perdi e já não sei o que estava a dizer. Ah, já me lembro, falava dos meus vizinhos de labor, chineses e do espanto que me causaram quando os vi despejar na área a descoberto dos seus armazéns, toda a sorte de envasilhas cheios de terra preta. Para que será, interroguei-me. A resposta não tardou quando os vi pacientemente a espalhá-la numa área aproximada de 10X1 m2 e com a altura de um palmo. 
Para a conter lateralmente, tudo serviu. Eram os chineses a conquistarem o cimento para fazerem terra agrícola, tal como os holandeses fizeram ao mar com os pólderes. Salvo as devidas proporções.

Um dia destas, já se realizaram as primeiras colheitas. E os meus vizinhos estavam contentes. Disseram-me porquê. “São legumes usados na nossa cozinha e que cá não encontrávamos. E vingaram”. O nosso espanto não ficou por aqui quando, num capot de um Mercedes, numa eira improvisada, leguminosas secavam ao sol.

Um espanto.

Quando à tardinha já em casa e à janela, vi um campo a mato, como me lembrei destes lavradores made in China.

5 comentários:

Anónimo disse...

Nós não somos pobres,e ainda por cima vivemos no que se chama democracia.

Anónimo disse...

Um amigo de infância (reformado e sem problemas financeiros) pediu-me último ano se ele podia fazer uma parte da terra para passar o seu tempo. Eu aceitei.

Para mim sempre foi uma vergonha de ter a terra abandonada no meio da cidade. Antes o terreno tinha ser feito por duas idosas. Por ser orgulhoso sempre pagava a água sem usufruir diretamente.

O que aconteceu ?

Quando regresso de uma estadia de vários meses no estrangeiro, eu encontro esse amigo em flagrante montar uma espécie de cabana de madeira. Uns meses mais tarde ele confessou-me que ele estava planear fazer ali um galinheiro e ter uns coelhos.

Tudo sem a minha autorização na minha casa ! Imaginem isso ! No meio da cidade e com vizinhos engenheiros, ex-presidentes de junta e com um prédio de cinco andares em frente.

E ainda mais. Ele tinha mais de 25 tambors para recolher a água da chuva e um ! barril de 750 litros (diâmetro de 3-4 metros, sem cobertura). Cortou um tubo da casa (que estragou-me a pintura da casa) e perfurou um cano com a picareta (sem depois pagar o conserto) …

Eu nem calculo os mosquitos no verão se eu tinha terminado com a brincadeira antes. Nunca mais ! Venho por este meio pedir desculpa a minha mulher e aos meus vizinhos.
Depois desta "expropriação" deixo só lavrar a terra por um trator duas vezes por ano.

Anónimo disse...

pOBREZINHOS E DE mERCEDES, NOS SOMOS RICOS,ABANDONAMOS OS CAMPOS E COLHEMOS A DEMOCRACIA. RICAÇOS SOMOS NÓS.

Anónimo disse...

no chinês em Avintes junto às bomba Galp, também teem canteiro.

Quem tem terra não as cultiva nem deixa cultivar , o que é um crime para mim.
Alguns dão uma lavradela de ano a ano.
Só para não parecer mal.

Anónimo disse...

O anónimo do post do 4/13/2012 1:18 PM explicou bem o problema.

Até conheço um caso aonde as fechaduras foram mudadas dos portões e o proprietário ainda foi ameaçado.