09 julho, 2012

Manifesto pela Caixa das Artes JÁ!

Santa Maria da Feira corre o risco de perder um investimento de 8 milhões de euros, com financiamento europeu aprovado e em fase de concurso público, por mais uma de várias indefinições políticas. 

A confirmar-se o propósito que os jornais começam a desenhar, poderemos estar a transformar este mandato autárquico numa gigantesca mancha, pintada pelo completo desrespeito pela cidade e pelos seus habitantes, rumando contra a maré criada por esta própria equipa de gestão autárquica.

Recordando…
A Caixa das Artes nasce da evolução de um conceito anunciado há 6 anos para o antigo Matadouro Municipal de Santa Maria da Feira. Rapidamente se avançou para algo mais arrojado e num concurso de ideias, Bernardo Rodrigues apresentou o opus magma: um extraordinário conceito de edifício sobre as águas da Pedreira da Pena, em pleno centro da cidade feirense. Pelo caminho, também o antigo Tribunal em ruína (quase) iminente se cruzou com a ideia, acabando por ficar de lado. Em poucos meses era anunciada a complexidade na manutenção de tamanha irreverência… o projecto voltaria a mudar. 

Aguardamos e da indefinição (mais uma) saiu a Caixa das Artes, em dois pólos, com substituição do Cine Teatro António Lamoso e estruturas de criação na Zona Industrial do Roligo. Meses depois, esbarramos no orçamento e o projecto acabaria, uma vez mais, reajustado, de forma a se adequar aos valores aprovados pelo QREN. 

Com todas estas mudanças de rumo e de posição certamente já perdemos valores demasiado avultados em projectos atrás de projectos. Com toda a indefinição continuamos a gastar dinheiro em variados processos, sem um fim à vista. 

No final de 2011 tudo parecia estar definido, a obra era anunciada com pompa e circunstância… era aberto o procedimento de concurso público para a construção dos dois pólos. Hoje, com este processo em curso, a autarquia feirense volta a mudar de ideias. Uma vez mais!?
 
Hoje, a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira sugere que se rasguem todos os planos, que se voltem a deitar anos de trabalho ao lixo, com todos os custos associados e que se volte a criar do zero, para que se recupere o Cine Teatro António Lamoso, sem que a sala possa responder às características do século XXI, e que as estruturas de criação sejam instaladas no Europarque, agora nas mãos do Estado. Infelizmente, neste processo, os feirense podem constatar um mar de indefinições, característico do mais puro amadorismo político, absolutamente dispensável em questões estratégicas como o investimento num cluster criativo tão específico e para o qual a Feira afirma estar na linha da frente. 

Não precisaremos de argumentar relativamente às mais-valias do projecto e às suas particularidades, porque tudo isso foi intensamente desbravado durante mais de dois anos pelas mesmas pessoas que agora se propõem a destruir o trabalho realizado e que pretendem dar mais uma machadada na cultura feirense e na credibilidade de um projecto há muito afectado por claras incongruências políticas

Urge um início imediato de funções da estrutura criativa, à semelhança do que faz o próprio CCTAR, a estrutura que afinal esteve na génese de tudo isto. Urge uma estrutura de gestão e um aproveitamento das actuais disponibilidades de equipamentos instalados para criar com qualidade e em continuidade, sem necessidade de esperar pelas condições de sonho, que começam a transformar-se em pesadelo, e pelas definições de quem não parece querer levar este barco a bom porto. 

Em simultâneo, urge um avanço atempado da obra, sem mais atrasos ou complicações ao concurso público em marcha, dando vida a um projecto há muito desenhado, pensado e repensado de forma a equacionar todas as possibilidades, assegurando de forma extrema a sustentabilidade

Acompanhamos de perto todo o processo e somos obrigados a elogiar todos os intervenientes, pela capacidade de (re)construir contra o relógio um conceito vanguardista e único, para o transformar em algo mais palpável, mas nem por isso menos conceptual. 

Hoje, só temos uma opção: recuperar a energia e o motivo que esteve na génese do Movimento Contra a Suspensão do Imaginarius. Somos obrigados a dar voz à Caixa das Artes, evitando que esta seja asfixiada por mais manobras políticas dispensáveis e desprovidas de qualquer justificação imediata. Pedimos que a cultura continue viva, que os dois pólos tenham avanço imediato, sem mais alterações que conduzam a perdas drásticas da qualidade e integridade do projecto, até porque não será a Caixa das Artes a salvação para o Europarque, pelo que não se justifica a asfixia deste projecto com esse propósito. 

Recordamos que há dois anos a Caixa das Artes e o seu “avanço imediato” foram a bandeira para a tentativa de suspensão do Festival Imaginarius. Hoje constatamos que o avanço da obra no imediato não aconteceu, até porque as indefinições continuaram, e que o síndrome de passividade continua vivo.
Ao que parece será mais fácil adiar e não fazer do que contornar as dificuldades e (re)criar. Mas afinal é disso mesmo que vivem as artes de rua… talvez o know-how na área, tão apregoado pelo poder político, ainda não tenha chegado à Praça da República.
 
A nossa voz sob a chancela do Movimento pela CAIXA DAS ARTES JÁ apela ao avanço imediato da estrutura, tal e qual como projectada, contratualizada a nível QREN e apresentada aos feirenses. Não podemos esperar mais por um conceito essencial para as características de um mercado de produção que se projecta no futuro e já fervilha em Santa Maria da Feira. 

Acreditamos na vitória do bom senso. 

Juntos somos a força: em apenas 12 horas cerca de 80 pessoas formalizaram apoio à causa através das redes sociais. 

O Movimento pela Caixa das Artes JÁ!

12 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma vez a câmara enganou os Feirenses. Traiu o futuro do município. Não conseguiu-se posicionar estrategicamente na área metropolitana do Porto. Não conseguiu promover a diversificação do tecido empresarial porque não apostou na criação de infraestruturas importantes. A falta de planeamento da câmara é simplesmente vergonhoso ! Não se pode perspetivar o desenvolvimento, sem apostar na criação de infraestruturas.

E agora ? Agora vão dizer que foi a crise. A solução vai ser o Europarque ? É fácil de perceber a intenção da câmara: ganhar tempo. Um mentiroso quer sempre ganhar tempo.

Com a construção do centro comercial conseguiu que queria. De um lado um prédio de mais de 5 andares e do outro lado um prefabricado ... e no meio ... brevemente ... um autêntico caos no trânsito. Parabéns ! O outro projeto serviu só para anestesiar o pessoal.

Para mim essa história ainda está mal contada. Quem procura vai encontrar muitos podres. No futuro os Feirenses ainda vão saber o que se passou ...

É tempo de nos curar de nosso
síndrome de Estocolmo. Senão o próximo projeto será a Quinta do Castelo.

Anónimo disse...

Não havia contrapartidas ? O proprietário da superfície não era o que pagava os 15 % da câmara ? Estão brincar ? Deram de mão beijada ?

Anónimo disse...

Se estivesse a funcionar, será que agora haveria dinheiro para manter a actividade? Se sim, porque não pagam às diversas associações do concelho? E dado a situação de crise que (dizem) haver no país, investir 8 milhões (mesmo que o grosso venha do QREN) não é algo comparado com o TGV a nível nacional? Seria prioritário este investimento? Ou será, como dizem, a obra de regime de A. H.? E sempre se sacrificará o Cine Teatro? E com quanto vai participar o grupo SONAE? Ou já se não faz o Hiper? Não acham que há montes de questões que não foram esclarecidas?

José Pinto da Silva

Anónimo disse...

Eu penso muita gente pensa que não é altura de investir. Nessa lógica podia-se também fechar as piscinas, bibliotecas e gimnodesportivos. Cancelar os eventos culturais. E depois ? A verdade é: a grande parte do dinheiro foi mal gasto em outras
coisas (rendas de edifícios alugados, custos da frota automóvel da autarquia, software etc.) sem utilidade para o cidadão.

A substituição do António Lamoso por a Caixa das Artes podia ser útil para reforçar o turismo cultural e gastronómico. Na minha opinião a escola de hotelaria podia jogar uma peca importante para essa estratégica. Com a possível deportação para o deserto do Europarque ... a escola vai ser destruída.

Anónimo disse...

Há tantas coisas muito úteis, valiosas e com jeito de proporcionar retorno, mas que por dificuldades conjunturais, se não estruturais, não podem ser levadas àvante. Pelo menos em certos prazos. É evidente que parece ter havido incúria, por banda da Câmara, e sei lá se de outrem, no caso da Escola de Hotelaria, equipamento que deu prestígio. A proposta de a mandar para o Europarque foi um desabafo de desespero, porque nessa altura os do Porto já tinha aliciado os alunos para irem para o Porto.

José Pinto da Silva

XEIRINHAS disse...

Respondam lá ao Pinto da Silva para eu poder ajuizar melhor. São questões pertinentes que ele nos(vos) coloca.

Anónimo disse...

Ocorre que às vezes dá-me algum gozo ser (im)pertinente. Não é o caso de agora, até porque está em causa um investimento que suponho ser colossal, megalómeno (estou a copiar a terminologia) para a conjuntura actual. E será necessário? Ou pelo menos imperioso? Não poderia ficar para depois da consolidação das contas? Aqui na Feira já desapareceu alguma empresa municipal?

José Pinto da Silva

Anónimo disse...

Um investimento é "megalómeno" se não é rentável. Este projeto pode ser essencial para rentabilizar o projeto turismo ("structure follows strategy"), substituir o António Lamoso (redução dos custos de manutenção), ser palco para eventos culturais (pagos) e dar impulsos para o desenvolvimento da cidade.

Porquê não ali explorar um pequeno restaurante/music bar por a escola de hotelaria (com a oportunidade de pequenos concertos) ?

O que agora acontece ? Nada. Estamos esperar. Estamos esperar que os outros vão resolver os nossos problemas e tomar as nossas decisões. Os outros vão salvaguardar os nossos interesses ?

Oxalá !

Anónimo disse...

num país e numa região onde impera a fome, o desemprego, falta de infraestruturas básicas, falta de meios na saúde, na educação e nas necessidades básicas das pessoas não seria essencial primeiro colmatar todas estas coisas e depois pensarmos em investir na cultura, não me parece um bom caminho termos um povo culto mas a morrer à fome

Anónimo disse...

O turismo cultural e gastronómico é um negócio. Um aumento do turismo criava também mais emprego e mais receitas. O turismo gere 10 % do emprego nacional e receitas de 30 mil milhões.

Anónimo disse...

Tambem se podia lá por uma casa de alterne,tambem achava que poderia gerar,apezar da crise uma boa receita.E tambem não fugiria muito o tal de cultura.

Anónimo disse...

Reza 20 Ave Marias e 10 Pai Nossos.