07 março, 2011

A noite dos Óscares e os sapatos portugueses

imageFoi uma encomenda inesperada e feita em tempo recorde. Praticamente na véspera da entrega dos Óscares, a empresa de calçado Ferreira Avelar e Irmão, Lda, de Santa Maria da Feira, detentora da Ferre e Profession Bottier, foi contactada por alguns realizadores e produtores da sétima arte para que lhes fazer os sapatos para a grande noite do cinema.”Na cerimónia da entrega dos Óscares, realizada há dias, várias figuras ligadas ao cinema, como produtores e realizadores que conhecem a nossa marca, calçaram sapatos feitos pela nossa empresa”, revelou Ruben Avelar, do departamento comercial da fábrica de calçado de Santa Maria da Feira.

Esta é uma das 80 empresas de calçado portuguesas que estão representadas na feira internacional de Milão, que decorre até quarta-feira e na qual participam 1800 expositores. Com uma confortável carteira de encomendas, esta empresa espera ter este ano uma performance em termos de exportação idêntica à do ano passado. “Pensamos ter um crescimento da ordem dos 11 por cento”, disse Ruben Avelar, sublinhando que o negócio corre bem, porque a empresa não só anteviu “o espectro de crise”, como conseguiu arranjar uma estratégia para contornar a situação em que o país mergulhou, “tentando entrar em mercados que estão a crescer”.

Assegurando emprego a 111 trabalhadores, esta unidade exporta praticamente toda a sua produção. Países como a França, Alemanha e Espanha são os mercados mais representativos em termos de exportação, mas a Ferreira Avelar e Irmão, Lda, coloca o seu calçado em países tão longínquos como a Austrália, República Russa, Japão, Estados Unidos, China e Canadá.

António Marques, da But Fashion Solutions Lda, de Alcanena, no concelho de Santarém, acredita que uma das novidades que trouxe para Milão, uma bota feita em madeira, borracha e pele (já apresentada na feira de calçado de Paris), vai ser bem-sucedida perante os compradores. “É uma bota com a sola em madeira, onde o pé assenta em borracha e a parte de cima é feita em pele”, explica o empresário, observando que o molde para fazer este tipo de formas é muito caro.”A mais-valia desta bota é ser diferente, é um produto que mais ninguém vai ter porque a marca foi registada”, disse aos jornalistas durante uma visita ao seu pavilhão. Pela sétima vez consecutiva presente em Milão, António Marques revela ainda que este modelo de bota, com um custo de 189 euros para o cliente, vai ser apresentado em Junho, em Portugal.

António Marques é um dos poucos empresários portugueses de calçado presentes em Milão, que aposta no mercado nacional, que absorve 20 por cento da sua produção, exactamente a mesma percentagem que Espanha.”Temos uma preocupação com o mercado interno. É o nosso país”, diz. Os restantes 40 por cento do calçado que faz são encaminhados para os mercados norte-americano, italiano e alemão, mas também para a Croácia, Japão e outros destinos.

Com a crise a passar à margem do sector do calçado, este empresário de Santarém, que em 2010 teve uma facturação da ordem dos 10 milhões de euros, espera crescer este ano cerca de 25 por cento, relativamente ao ano transacto.

in Público

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