Santa Maria da Feira: Agressor foi libertado pelo juiz

“Sei que um dia pode matar-me”

Mesmo separada há cinco anos do homem com quem viveu e tem dois filhos, agora com nove e sete anos, ‘Susana’ (nome fictício) continua a ser agredida e até violada pelo ex-companheiro. O mecânico, de 41 anos, foi detido na madrugada de anteontem, depois de ter agredido dois militares da GNR de Lourosa, após mais desacatos que provocou em casa da ex-companheira. Depois de presente a tribunal, foi libertado (ver caixa). ‘Susana’ volta assim a temer pela vida.

"Muitas vezes quando traz os meninos já está alcoolizado e entra. Eu não me atrevo a fazer-lhe frente, senão já sei o que me acontece", confessa ao CM a empregada de limpeza, de 42 anos, residente numa freguesia de Santa Maria da Feira. Envergonhada, admite que muitas vezes é "obrigada" a manter relações sexuais com o agressor, "por medo". "Ele já me deu muita coça, sei do que é capaz. Se me nego, além de me insultar ele ameaça que me atira da janela. Por isso tenho de me calar e submeter--me ao que ele quer", explica, com as mãos trémulas. 

"Não posso viver mais assim, só vou aguentando por causa dos meus filhos, mas isto vai ter de acabar. Só queria que me deixasse em paz", prossegue ‘Susana’, que não tem dúvidas. "Tenho muito medo. Sei que um dia ele pode matar-me. Já fiz queixa na GNR, mas depois retirei-a porque além do medo não quero que os meninos me culpem se o pai for para a cadeia", remata a mulher. 

O casal esteve junto durante nove anos, até que ‘Susana’ fugiu para casa da irmã com os filhos. Mas continua a ser perseguida. 

AGREDIU DOIS MILITARES DA GNR

 

Eram 00h15, segunda-feira, quando o ex-companheiro de ‘Susana’ foi detido pela GNR de Lourosa. Minutos antes, tinha empurrado dois guardas pelas escadas, provocando um traumatismo crânio-encefálico num deles e ferimentos no outro. A patrulha foi chamada depois de o mecânico ter invadido a casa da vítima. "Estava alcoolizado e pôs-me as mãos ao pescoço. A minha filha mais velha chamou a GNR", conta a mulher. 

Ouvido pelo juiz, o mecânico foi solto, mas está obrigado a apresentações semanais no posto da GNR de Canedo, proibido de contactar a vítima e de se aproximar da casa dela. 

in CM