Josefa Santos, dos Bombeiros de Lourosa, faleceu!

A bombeira de 21 anos que hoje morreu num incêndio em Monte Mêda, Gondomar, é descrita por um colega da corporação de Lourosa como “uma das pessoas com que se podia contar” na luta contra o fogo. 

“Para o combate ao fogo, não havia melhor do que ela”, garante Adão Sousa, a propósito de Cristiana Josefa Ferreira Santos – sempre referida como “a Josefa” pelos elementos da corporação de Lourosa, em Santa Maria da Feira. 

“Ela era uma das poucas pessoas com que um gajo sabia que podia contar nas piores alturas”, afirmou à Lusa o voluntário, com mais de 20 anos de experiência. “Se um bombeiro tem medo de se sujar, não vale grande coisa, mas ela era das desenrascadas, que combatem a sério”, descreveu. 

O segundo comandante da corporação, José Carlos Pinto, atribui as circunstâncias que provocaram a morte de Josefa Santos a uma alteração súbita na direção do vento. 

“Os outros bombeiros ainda conseguiram fugir para terra quente, mas ela foi para terra fria”, contou. “Quando a encontrei, já estava carbonizada.” 

José Carlos Pinto adianta que a bombeira de 21 anos “já era experiente” no combate ao fogo e descreve-a como “uma jovem com muita força, cheia de vida”. 

Entre as dezenas de pessoas que hoje ao final da tarde se concentravam à entrada da corporação de Lourosa estavam familiares da vítima, mas não quiseram prestar declarações sobre a sua morte. 

Já no bar do quartel, os colegas da bombeira apreciavam à janela a anormal movimentação de pessoas no quartel e comentavam entre si: “Era boa rapariga. Já uns quantos estiveram para ficar lá caídos e foi-lhe calhar a ela.” 

João Castanheira, um dos bombeiros que lamentava a morte da jovem, conta que, “como pessoa, a Josefa era fixe, brincalhona e boa companhia”. 

“Agora andava a trabalhar mais horas, porque devia estar com férias do emprego”, continua o bombeiro, que é voluntário em Lourosa há cerca de 15 anos. “Tenho pena que isto lhe tenha acontecido, porque desde que estou aqui ela é a primeira pessoa que me lembro de ver morrer num fogo.” 

Residente em Fiães, concelho da Feira, Josefa Santos era estudante universitária no Porto e exercia voluntariado como bombeira desde 2008. Há cerca de ano e meio, passou a conciliar essas duas atividades com as funções de operadora de caixa num supermercado de S. João de Ver, no mesmo município. 

Nesse estabelecimento, os funcionários da casa não estão autorizados a partilhar com a imprensa a sua opinião sobre a bombeira, mas, a baixa voz, há uma jovem que admitiu: “Toda a gente gostava muito dela.”

António Sousa, que era vizinho de Josefa Santos em Fiães e seu colega de trabalho no mesmo centro comercial, recorda-a como “muito simpática e sempre sorridente”. 

“Toda a gente se dava bem com ela e dizia que era muito trabalhadora”, acrescenta. “Também não podia ser de outra maneira: se ao mesmo tempo trabalhava, estudava e era bombeira, é porque fazia mesmo pela vida.”

Josefa Santos morreu hoje à tarde no combate a um incêndio em Monte Mêda, concelho de Gondomar. O mesmo fogo fez também um ferido grave – Diamantino Correia de Sá, de 53 anos, internado com queimaduras no rosto no Hospital Santos Silva, em Gaia – e ainda quatro feridos ligeiros – que receberam alta hospitalar ao final da tarde e pouco depois já estavam de regresso ao quartel da corporação! 

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