Estórias da Mesa nº 1

É mística nas eleições de Canedo a Mesa nº1. É na votação desta mesa que se começam a desenhar as vitórias do PSD, que ali regista quase sempre, uma votação esmagadora. Os derrotados, porque ao invés, é nela também que todas as derrotas começam, chamam-lhe, depreciativamente, a “mesa dos velhotes”. É bom de ver porquê, os eleitores mais idosos, estão lá todos inscritos. Depois, ainda os apelidam de conservadores, o que é verdade.

Aquilo é um bastião laranja, que vem dos tempos em que para melhor identificar o partido, o PPD, se aconselhava a “votar na chaminé”, devido à configuração do símbolo partidário à época. Parecia mesmo, só lhe faltava deitar fumo.

É naquela mesa que desaguam também quase sempre os problemas em dias de eleições. Uns porque vêem mal outros porque mal lêem, querem por isso companhia no acto de votar. Começam os sarilhos.

Por isto ou por aquilo, esta mesa tem um manancial de estórias. Não resisto a contar-lhes a última. Foi nas últimas legislativas também.

Um casal de avançada idade, avançou já de boletim na mão, para a câmara de voto. Ela toda lampeira ele já mais comido pela idade. A senhora rapidamente se desenvencilhou da tarefa de acertar com a cruzinha no respectivo quadrado. Como pretendia. Ao lado, o homem via-se e desejava-se para acertar no alvo. Ela ligeira, foi com ligeireza que ajudou o marido a levar a cabo a tarefa que ali os levou. Votar.

Atento e vigilante, a um delegado partidário presente, não lhe passou ao lado a infracção e foi rápido a ditar sentença: “esse voto não entra na urna”. Tinha razão e era da lei.

Com a satisfação do dever cumprido e duplamente satisfeito, digo eu, porque um voto de um velho e ainda por cima na Mesa nº1, só podendo ter um destinatário, foi barrado Mas, para a satisfação ser total, não resistiu à tentação de dar uma espreitadela à localização da cruzinha.

E ela lá estava bem escarrapachada, a tal cruzinha e onde? No BE-Bloco de Esquerda.