09 abril, 2012

TAXAS ECLESIÁSTICAS

por Pinto da Silva
 
O caso que comigo se passou, era meu intento calá-lo e, tarefa ingente, esquecê-lo. Mas a sua clonagem, tendo como protagonistas os mesmos (atrevidos) agentes, avivou-o e tornou improvável a reserva e contenção.

Vamos a factos. No ano passado, mês de Maio, meu filho, adulto e que comigo vive em comunhão de habitação precisou de um ATESTADO DE IDONEIDADE para paraninfar uma criança recém nascida e baptizanda em freguesia vizinha. (Ao que parece esse documento é de imposição canónica.) Para tanto encaminhou-se para a secretaria paroquial e, tendo feito percurso catequético, a emissão seria oficiosa. 

Havia, entrementes, uma areia no sapato processual. Ou imaginaram-na. O meu filho, sem família constituída, mas autónomo, estará isento do pagamento ao pároco daquela aberração da modernidade a que chamam OBLATA (=oferta, donativo), mas, consultados os catarpácios paroquiais descobriu a secretária que EU, que não sou tido nem achado no imbróglio, tinha oblatas em dívida. Devo tê-las todas porque nunca paguei e direi mais adiante porque é que a paróquia devia ter vergonha de me incluir na lista dos devedores desse esbulho. 

O meu filho perguntou quanto custaria, assim, o documento e logo lhe foi dito que estavam € 150,00 em atraso. Não conheço o critério de tributação. Ele lá teve conversa na secretaria e o documento foi-lhe passado e entregue em altura em que ele não poderia pagar, porque sem dinheiro. Em casa lá me foi dizendo que teria que pagar € 150,00 das minhas OBLATAS. Eu ripostei logo, com alguma agressividade que NÃO autorizava que alguém, a qualquer pretexto, pagasse dívidas minhas, e muito menos a fornecedor de nenhum serviço. Aconselhei-o a negociar um preço para o documento, preço que deve estar regulamentado e logo escrevi ao Pároco a dar nota do meu desapontamento e a dizer que não aceitava que meu filho me substituísse. O Pároco respondeu-me que ele só se preocupava com os serviços litúrgicos e que dinheiros eram tratados pelo Comissão Executiva da Paróquia. E enfatizou que meu filho era maior e que não precisava de tutores. Excepto para se responsabilizar por dívidas não suas. Acrescento. É do conhecimento geral que o Pároco é o Presidente de tudo o que mexa na paróquia: Comissão Fabriqueira, Benefício Paroquial, Conselho Económico. De resto, sabe-se, que as oblatas, se pagas, são receita pessoal do pároco e não da Comissão de Fábrica, a menos que ele as doe. Como não respondeu nada em concreto, dei o caso por fechado e, por certo, lá terei uma folha no livro dos calotes. 

Porque é que o caso foi agora avivado? No dia 12 de Fevereiro deste ano ocorreu outra situação com os mesmíssimos contornos nela intervindo os mesmos protagonistas paroquiais e uma família residente em Caldas de S. Jorge. Há uma recém nascida cujos pais queriam baptizada segundo as determinações católicas, sendo eles crentes católicos. Na secretaria da paróquia marcaram data e, antes de tudo, o tributo, a que chamam OBLATA, em atraso. Três anos, a € 15,00/ano (qual o critério? Pediram declaração de IRS?), mais € 25,00 da tarifa do serviço a prestar (celebração do baptizado), igual a factura de € 70,00 ali logo pagos. Aproveitou para dar a identificação dos padrinhos. Ela de freguesia vizinha e ele de Caldas de S. Jorge, bem conhecido, porque ainda jovem, de 20 anos, e fez todo o percurso de catequese até ao Crisma. Logo sem impedimentos. 

No dia da cerimónia, toda a gente alinhada para o acto e a secretária da paróquia, qual eclesiastra, numa atitude que tem que ser considerada de chantagem, (indigna atitude já tomada noutros casos, ao que me dizem) dirigiu-se ao pai da baptizanda e disse que teria que pagar as OBLATAS em atraso dos pais do padrinho. O homem varou-se (eu diria algo mais a cair para o obsceno) e disse que não pagava coisa nenhuma porque até poderiam os amigos ficar zangados. Que não, que não pagaria. 

A cerimónia realizou-se, o padrinho interveio nos rituais tradicionais de fio a pavio. No final, dirigem-se à sacristia onde normalmente, no final, se reúnem os intervenientes para a assinatura do respectivo assento de baptismo e o próprio celebrante disse alto e bom som que o padrinho não assinaria a Acta. Documento que ficou a ter uma falsidade por não registar a assinatura de um interveniente. Foi o padre abordado por pessoa familiar da acabada de baptizar a apelar à compreensão para a situação, mas, de novo e com boa dose de hipocrisia, há que dizer, o pároco disse que era assunto da secretaria que ao padre só competia celebrar missas, ministrar sacramentos, etc. Mentira, mentira e mentira. Todos fazem o que só ele determina. Fica nele mais esta mancha de desrespeito e desconsideração para pessoa que sempre com ele colaborou e que sempre colaborará com a Igreja no que ela sabe e a quem já teceu todos os encómios do mundo. Não é, Senhor padre? 

Então porque é que eu não posso ser devedor. Todos sabem e o pároco melhor que todos, que sendo eu um divorciado voltado a casar, tendo antes sido casado segundo rituais católicos, ambos os cônjuges foram podados cerces da comunidade católica, segundo uma legislação canónica absolutamente retrógrada e desactualizada. Se ambos os cônjuges não podem nem sequer aceder a sacramentos, por que raio têm um tributo a pagar ao pároco? E tem o pároco alguma noção do que pensam os desligados a respeito da prática católica? Terá algum medidor da fé das pessoas? E mais se não diz. 

José Pinto da Silva

25 comentários:

Anónimo disse...

Já é habitual nas Caldas de S. Jorge. Como que um Padre que constantemente peca pode ser Padre. "Não Furtar" foi um dos ensinamentos de jesus, que o ATM não aprendeu.

Anónimo disse...

Já que nos informou que oblata=oferta, donativo porque não informou a que era igual.:ingente, paraninfar, catequético, entrementes, cartarpácios, imbróglio, esbulho, eclesiestra e varou-se e ainda havia mais mas chega.
O povo diz que isto é cagança= peneiras.

Anónimo disse...

Quem não quer pertencer à igreja basta nada pagar e nada exigir. Agora que querem os serviços da Santa Madre Igreja há que pagar. Não sejam caloteiros. Se fosse o FCP ai pagam e não bufam a cota do futebol...

Anónimo disse...

(Santa Madre)Igreja??!!
Serviços?
Lá nisso o acólito anónimo tem razão... quem não quer que não vá!É PRECISO TOMATES PARA DESLIGAR DEFINITIVAMENTE DESTA HIPÓCRITA INSTITUIÇÃO: A IGREJA!!

MAIS: OS MIUDOS QUE FORAM BATIZADOS SEM LHES PERGUNTAREM SE O QUERIAM SER, AINDA DEVIAM DAR UM VALENTE PUXÃO DE ORELHAS NOS PAIS!

Anónimo disse...

Não é obrigatório ter religião e ser baptizado na Católica.

Anónimo disse...

Tenho pena de que o ANÓNIMO das 9:20 não tenha tido a coragem de colocar o seu nome para eu poder chamar-lhe, com as letras todas ANALFABETO, ou se quiser, iletrado. Ter-se-ia apercebido de que ao colocar "oblata=oferta" foi para enfatizar que aquele "tributo" pelo nome que tem, deve ser voluntário, na medida que uma oferta nunca pode ser obrigatória. Quanto aos outros termos, acho que são mais ou menos banais, ao menos para quem tem a veleidade de escrever para ser lido por outrem. Nem cagança, nem peneiras, mas apenas uso de lingua portuguesa.
Para os outros que acham que só lá vai quem quer, é uma opinião que até pode ser de respeitar, mas a fé é bem capaz de ser uma coisa bem mais insondável do que poderão imaginar. Mesmo aqueles que têm pouca prática religiosa, algo lhes ficou de alguns ensinamentos que os leva a quererem as chamadas grandes ligações à Igreja, no caso, a Católica. E não se contesta que seja cobrada a prestação de qualquer serviço que se requisite: Missa, baptizado, ou emissão de documento. O dita OBLATA não corresponde a nenhum serviço prestado.

José Pinto da Silva

Fátima Oliveira disse...

Não se pode entender a Igreja como uma instituição semelhante a outra qualquer. A Igreja, pelo menos aquela que se aprende na catequese através do exemplo de Cristo, tem valores que estão muito acima dos monetários e a fé não pode ser mensurável como dizia um antigo pároco de uma freguesia nossa vizinha: "Os cristãos de 1ª são aqueles que fornecem à Igreja avultadas oblatas; os de 2ª são aqueles cujas oferendas são razoáveis e os de 3ª são aqueles que nada doam". Esta é uma ideia que considero mesquinha e muito longe da missão cristã.
Entendo que todas as instituições necessitam de sobreviver mas a forma de angariar fundos também reflete o nível de envolvimento e entrega que os seus dirigentes encarnam. É que há por aí muita instituição que encontra formas de garantirem a sua sustentabilidade sem colocar em causa a sua missão, a essência da sua existência e o seu objeto de atuação.
discrepâncias entre freguesias ao nível das exigências.

ANALFABETO disse...

Sou eu o ANALFABETO esteja à vontade. Acho que é uma linguagem demasiado erudita para um simples post. Se acha uma escrita normalissima da silva, tudo bem eu acho que não e foi você que também criticou até trouxe uma frase à baila o escrito de um seu camarada partidário que também se armou aos cágados, que é do que se trata ao escrever assim. Paciência, não tenho a sua opinião e sou analfabeto, mas pouco. O tema é religioso, vem a calhar. "Presunção e água benta cada um toma aque quer".

Fátima Oliveira disse...

Na última frase queria dizer que me parece estranho haver tantas discrepâncias entre o funcionamento das diferentes paróquias à nossa volta, quando representam a mesma instituição...

Anónimo disse...

Ao o das 8:34 quero voltar a dizer que não é capaz de ler o texto. Não foi capaz de ver que notei que não foi capaz de ver que "oblata=oferta" queria e quer salientar o facto de, no conceito geral, se entender aquela imposição como um tributo, quanto oblata significa oferta e como tal de veria ser voluntária. Quanto aos outros termos, continuo a entedê-los "corriqueiros".

José Pinto da Silva

XEIRINHAS disse...

O problema aqui trazido por Pinto da Silva, só tem um problema, é não ser problema nenhum...,para os não católicos. A existir problema(s), é lá com eles e só com eles. Presumo eu. E não me levem a mal.

Anónimo disse...

Vou acreditar que alguns não católicos, agnósticos ou desinteressados mas que liguem algo ao funcionamento das instituições e ao relacionamento inter pessoas acabem por ver com bons ou maus olhos os procedimentos, até porque o pároco, numa paróquia, é sempre pessoa olhada diferentemente do comum. Acho.

José Pinto da Silva

Anónimo disse...

A oblata não é de pagamento obrigatório mas aceito que só tenham direito a serviços religiosos aqueles que a pagarem. Depois deviam ter direito a serviços religiosos gratuitos, aqui já é outra discussão.

Anónimo disse...

querem ir para o céu, paguem, quanto maior a categoria do céu maior é a tarifa os pobres bem podem rezar muito mas nunca atingiram o céu

Anónimo disse...

os vendilhões de crendices ainda são piores que os politicos, aldravam mais

XEIRINHAS disse...

"Querem ir para o Céu, mas não querem ir por onde se vai para o Céu" Padre Antonio Vieira
Isto foi dito há muitos anos atrás.Continua a ser verdade hoje. Para todos.

Anónimo disse...

O problema será que há quem queira rasgar atalhos especiais dizendo que levam ao céu e levam só algo ao alforge de alguém. E como há trapaça, não pode levar ao céu.

José Pinto da Silva

Anónimo disse...

O mal é que os agentes transitários encarregues de nos indicar o tal caminho, não são de fiar.

Anónimo disse...

Nas Caldas quem mais der para a Igreja é considerado conforme a dádiva.Temos o exemplo do Comunista que deu uma boa oferta em tempo de campanha e teve direito a pôr o seu post viradinho para a Igreja e residêcia.

Anónimo disse...

Na circunstância, não se pode falar em dádiva, mas sim em tributo que a autoridade eclesiástica local impõe, chantageando quem, por muito acreditar ou até mesmo por tradição,pretende para si ou para os seus a presença em certos rituais religiosos, nomeadamente sacramentos.

José Pinto da Silva

Anónimo disse...

Já foi aqui dito por alguém, mas repito: a oblata oje faz pouco sentido. Pouco, porque,ou se paga a oblata e temos os serviços gratuitos ou pagamos os serviços e não há razão para a oblata. A oblata noutros tempos era paga em géneros,sobretudo nas aldeias. Era para a subsistência do padre, mas o padre estava totalmente ao serviço dos seus paroquianos. Pagar batiz aos, casamentos, funerais,etc. ,est'a longe do Evangelho, e querer receberoblatas e folares e prendas por tidos por nada ... servir'a principalmente para enriquecer os sobrinhos e afilhados.
Os sacramentos são dons de deus, não podem ser vendidos. Era bom que lessem os Atos dos Apóstolos, cap.VIII,18 e ss.

Anónimo disse...

Logo, parece ter eu razão ao não concordar com a cobrança do que muita chama, ridicularizando, "burlata". E muito menos quando se usa essa cobrança como chantagem. Se não pagares as "oblatas" atrasadas, não baptizo, não deixo fazer a comunhão, não faço exéquias fúnebres, não celebro casamento, etc.

José Pinto da Silva

Anónimo disse...

OS FUNERAIS NÃO SE PAGAM POR ENQUANTO...

Anónimo disse...

Parece-me não ser verdade. Há uma importância cobrada pelo serviço de exéquias fúnebres, taxa que normalmente inclui a celebração da missa de sétimo dia. Se calhar poderei exibir um talão com tal discriminação.

José Pinto da Silva

Anónimo disse...

10 € para a missa, aluguer da casa mortuária mais não sei....
mas nas Caldas de S. Jorge tudo pode acontecer, desde chantagem etc etc etc