24 maio, 2008

O Capricho dos Novos Ricos

Kouzas e Louzas

Oui. C’est moi...

O tema resvala para o recorrente.

A nossa “luso megalomania” é uma característica nacional. Não é uma simples megalomania, como outra qualquer. Nem sequer é uma megalomania neutra, um potencial instrumento de organização nacional.

Não! A megalomania nacional é interventiva: pretende “ginasticar” os seus destinatários (ou seja, os cidadãos) na difícil arte da “paciência oriental”...

Vem isto a propósito (mas pouco) de alguns caprichos que alguns dos nossos espécimes pensantes (agora algumas vezes presentes) se arriscam a tornar noticiáveis.

Exemplos?

Bien sur...

Então não é que o nosso estimado e queridíssimo Sempre Ausente, quer pôr a malta a jogar golf? Ou será golfe???

Se não fosse quem foi a mandar a posta-de-pescada, até que me acreditaria. Mas, vindo de quem vem, nem mesmo as elites informadas desta nossa terra das febras e minimamente familiarizadas com o liberalismo (tipo Tero Berde) acredita, ou pelo menos não dá muita atenção à falácia através da qual o nosso avariado(r) Quase Sempre Ausente nos brindou.

Então diz o gajo que, não havendo exponor nem painéis solares, a malta vai ter de se contentar com erva, buracos e bandeirolas. O famoso buraco 18 vai ser dividido. E nada melhor do que distribuir tacadas por essas freguesias fora. Seis buraquinhos aqui, seis buraquinhos ali, seis buraquinhos acolá, o concelho da Feira poderá transformar-se a breve prazo na capital do golf. Ou será Golfe???

De seis buraquinhos...

Claro que quando li essa “galhofa” de notícia, tratei logo de tomar um gurozan, não vá ter uma crise de ressaca idêntica ao que alguma boa gente sofrerá quando acaba de exprimir as suas ideias.

Mas pronto. A ele até que devemos dar um desconto.

O que não entendo é “Os Outros”, os seus parceiros, que ainda têm paciência para aceitar as suas atoardas.

Ainda por cima, sabendo nós da doença que esta cambra enferma, a “feiro-burocracia”.

Nunca é demais relembrar a teoria de Marc Weber, que nos descreve alguns princípios fundamentais e estruturantes da ideia de burocracia, a saber:

1- Formalização: existem regras definidas e protegidas da alteração arbitrária ao serem formalizadas por escrito.
2 - Divisão do trabalho: cada elemento do grupo tem uma função específica, de forma a evitar conflitos na atribuição de competências.
3- Hierarquia: o sistema está organizado em pirâmide, sendo as funções subalternas controladas pelas funções de chefia, de forma a permitir a coesão do funcionamento do sistema.
4 - Impessoalidade: as pessoas, enquanto elementos da organização, limitam-se a cumprir as suas tarefas, podendo sempre serem substituídas por outras - o sistema, como está formalizado funcionará tanto com uma pessoa como com outra.
5- Competência técnica: a escolha dos funcionários e cargos depende exclusivamente do seu mérito e capacidades, havendo necessidade da existência de outras formas de avaliação objectivas.
6- Separação entre propriedade e administração: os burocratas limitam-se a administrar os meios de produção, não os possuem.

- Há pois... Estes princípios visavam, na teoria de Weber, propiciar a máxima racionalização e eficiência de uma qualquer organização.

O que, convenhamos, não é apanágio por estas bandas.

E neste caso, o Quase Sempre Ausente, deu-nos mais uma lição. Pensou e fez exactamente o contrário de Weber.

Lançou a boca do golf (ou será Golfe?) e agora a malta que se cuide. Está tudo programado e definido (como no caso da Exponor)... Para não ser levado a sério.

O problema é que, como sempre, vamos ficar pelas insensatas e caprichosas ideias, que nos vão distraindo, suavemente, de forma a que não discutamos os verdadeiros problemas deste nosso Green que, pelos vistos, pertence à GAMP.

Por mim, prefiro continuar a jogar no meu bilhar.

Quem quiser, que aceite o desafio do Quase Sempre Ausente e comece, desde já, a jogar “golf(e) de bolso”...

Aurevoir.

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