03 fevereiro, 2011

s.m. feira - Na próxima semana…

Congresso das exportações quer favorecer encontro de grandes empresas com PME

O congresso das exportações, que se realiza na próxima semana em Santa Maria da Feira, quer promover o encontro entre os pequenos e os grandes exportadores, favorecendo a criação de clusters em sectores específicos da economia, diz o ministro da Economia, Vieira da Silva.

O representante do Governo falava hoje aos jornalistas num encontro destinado a apresentar o programa do Congresso das Exportações, que se vai realizar no próximo dia 8 de Fevereiro, no Europarque, em Santa Maria da Feira.

Para Vieira da Silva, o congresso será “o encontro mais representativo do sector exportador nos últimos anos”, contando já com um milhar de participantes inscritos.

Segundo Basílio Horta, presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), o objectivo do congresso é favorecer uma tendência que deve ser regra no sector exportador nacional: “fazer com que as grandes empresas, além de crescerem sozinhas, possam arrastar consigo empresas mais pequenas, criando clusters”.

Basílio Horta dá como exemplo o caso da Galp, que trabalha actualmente com cerca de 400 Pequenas e Médias Empresas (PME) nacionais, ou da Mota-Engil, que se associou à AICEP e à Caixa Geral de Depósitos para ajudar financeiramente empresas que se quiserem instalar onde a construtora está.

Para o presidente da AICEP, é preciso “organizar melhor a oferta empresarial nacional para responder à procura das grandes empresas”. Até porque, salienta Vieira da Silva, “um crescimento de cinco por cento de um grande exportador tem mais impacto do que vários pequenos exportadores a crescer”.

Entre os sectores que estarão representados no congresso de dia 8 estão as energias renováveis e a mobilidade eléctrica, a indústria florestal, a construção, a indústria automóvel e agroalimentar e os têxteis, vestuário e calçado.

Exportações são “alternativa ao arrefecimento” do consumo

Vieira da Silva considera que Portugal tem de acelerar a correcção do défice estrutural da economia portuguesa. “As condições económicas exigem que se faça isso mais rapidamente”, defendeu hoje.

Para o ministro da Economia, “as exportações vão ser a alternativa de Portugal ao arrefecimento da procura interna”, que se ressentirá com as medidas de austeridade postas em marcha pelo Governo, nomeadamente o aumento do IVA e o corte salarial na função pública.

Vieira da Silva reitera que a ambição do Governo continua a ser pôr as exportações acima dos 40 por cento em termos de peso no PIB (actualmente estão nos 30 por cento), mas admite: “Temos dificuldades em dizer quando será possível [atingir esse objectivo] devido ao contexto económico”.

Mas a estratégia para o sector exportador mantém-se: acentuar a diversificação da nossa base produtiva, promover mais especializações intra-sectoriais (como a aquacultora, por exemplo) e reforçar as exportações de serviços. Além, claro está, da diversificação dos mercados de destino.

Segundo Vieira da Silva, “o que tem suportado o crescimento das exportações para fora da União Europeia tem sido a valorização de determinadas zonas com potencial de crescimento elevado”, como a América Latina, a África Austral, a Ásia e o Magrebe.

Quadro de financiamento às exportadores é insuficiente

Numa altura em que a crise está a cortar o financiamento às empresas, o presidente da AICEP defendeu hoje a criação de uma instituição financeira especializada no financiamento e seguro de crédito à internacionalização.

“Por que não se juntam as linhas PME Investe, as capitais de risco e se coordena tudo a partir de um único ponto”, questiona Basílio Horta, sugerindo que, para isso, bastaria pegar numa instituição como o Banco Português de Negócios (BPN), “limpá-lo completamente, mudar o nome e pô-lo a funcionar”.

O presidente da AICEP admite mesmo que “o enquadramento institucional para enfrentar a volatilidade nos mercados talvez seja insuficiente e tenha de ser melhorado”, visto que as empresas têm dificuldades em conseguir, por exemplo, seguros de crédito para mercados menos convencionais.

O próprio ministro da Economia admite ter receio de que a actual crise venha a enfraquecer a vontade do sistema financeiro, que tinha voltado a cobrir os riscos em alguns mercados.
in Público

Sem comentários: